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29/10/2008 - 02h30

Violência, crise, ortografia, pichador, eleição, Bienal

da Folha Online

Violência

"O comentário de Barbara Gancia em 'Outros virão' (Cotidiano, 24/10) foi excelente. Ela retrata um imenso leque de violências causadas por adolescentes. Casos como os de Lindemberg e Suzana ocorrem freqüentemente em algum cantinho do Brasil, e comunidades absurdas são criadas diariamente em páginas de relacionamentos apoiando esses crimes. Um horror!
Outro dia, 'fuçando' no Orkut, encontrei comunidades como: 'Se eu tivesse um filho também jogaria pela janela' e 'Meu sonho é matar alguém'. As críticas de Barbara são realistas, seu artigo deveria ser lido por todos os pais, quem sabe freariam seus filhos, os quais amanhã serão os pais, praticantes de uma nova modalidade esportiva: arremesso de criancinhas à distância."

BRUNA RECH (Florianópolis, SC)

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Crise

"Os eternos sanguessugas estão voltando. De tanto Lula reclamar 'cadê o FMI?', ele reapareceu. Parece que reformularam toda a norma técnica de fazer agiotagem. Os grandes jogadores do chamado 'dólar futuro' estão querendo ressarcimento imediato das perdas. O mesmo acontece com as empreiteiras do ramo imobiliário. Dizem que o negócio das hipotecas americanas não atingiu o sistema financeiro brasileiro, mas o ministro da Fazenda e os presidentes do BC e do BNDES já estão armando um grande auxílio ao sistema. Esses, como sempre, usam o contribuinte que trabalha a vida inteira e enche os cofres públicos com os 40% de impostos que lhe são extorquidos mensalmente pelos governos municipal, estadual e federal. Qualquer dia vão acabar com as aposentadorias do sistema público para salvar as companhias de seguridade social que jogaram alto no 'dólar futuro'. O interessante é que o Lula e os oportunistas que o cercam usam dois tipos de conversa: de um lado falam que a situação está ruim, e de outro, que as empresas e todo o sistema financeiro brasileiro estão mais sólidos que uma rocha. A cada dia que passa, eles enrolam, e se enrolam mais nas próprias línguas. Seria bom a sociedade brasileira acordar, porque o final dessa novela vai ser muito triste para nós. Os jogadores vão acabar em Monte Carlo, os políticos continuarão a receber os seus votos e suas caixinhas, os financistas, vigaristas e oportunistas continuarão a receber suas propinas e pró-labores, enquanto nós, como sempre, vamos subir os degraus do cadafalso nacional carregando toda essa roubalheira nas costas, ou no bolso."

WILSON GORDON PARKER (Nova Friburgo, RJ)

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"A crise financeira global de irresponsabilidade está no início. O estrago ainda está no endinheirado. O próximo conflito decorre do cobertor que vai ficar curto. Sobre rombo de banco há algum consenso. Mas de empresa a discórdia cresce. Qual o critério de socorro? Impossível definir. Entretanto o mais grave será a etapa dos não-endinheirados. Salários, aposentadorias e benefícios atrasados. Essa fatura vai ficar alta. Alguém tem de pagar."

ANTONIO NEGRÃO DE SÁ (Copacabana, RJ)

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Pichador

"O pichador F. (da reportagem de Laura Capriglione de 28/10) deveria permitir que se publique seu nome completo. Substitui seu discurso de coragem e vanguarda por covardia e desinformação sobre seu papel no mercado. Já não existe fora do mercado na arte, que rapidamente envolve e se apodera de tudo. A imprensa, tão cara a esse grupo, é dos modos mais pungentes de se inserir neste mercado. Esse grupo, ao que me parece, tem grandes conexões na imprensa, faz questão de anunciar, registrar, mostrar e alardear cada um de seus passos, vendendo-se rapidamente via veículos de comunicação. Estava presente na Bienal no momento do ataque no último domingo, e a impressão que se tinha é de que a imprensa toda já estava lá, avisada. Esse grupo (ou grupos) parece desesperadamente querer pertencer e se incluir no mesmo meio que critica tanto. Não parece haver uma discussão intelectual ou uma reflexão sobre sua atuação, já que todas as ações são cheias de problemas conceituais. Para que criticar as instituições, fazendo tanta questão de se registrar sua inclusão dentro das mesmas? Lembro-me da Anarquitetura, reunião americana de arquitetos nos anos 70, que tinha como nome maior Gordon Matta Clarck: os arquitetos envolvidos procuravam novos espaços e maneira para manifestar seu repúdio ao status quo. Cada participante, a seu modo, se inseria em espaços distantes daqueles das instituições, que para eles em nada validavam seus trabalhos, e não os representavam em nada. Nestes casos recentes, o que sobra é a desinformação e a clara sensação de um tiro no próprio pé. Chamo esses pichadores a se identificarem e a se colocarem objetivamente."

GABRIEL ZIMBARDI, artista plástico (São Paulo, SP)

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Bebês

"Eu acho um erro alarmar a população contra um hábito milenar de integração familiar (Folha Online, 27/10 - 'Contra recomendação dos médicos, um terço das mães dorme com bebê'). A cama compartilhada é uma prática muito mais antiga que a nossa civilização ocidental, e mesmo assim o hábito de colocar um bebê para dormir sozinho no seu próprio quarto e berço não tem mais que 200 anos. Não há nada que comprove as estatísticas apresentadas. São apenas alguns índices. Alguém analisou os hábitos dos pais cujos bebês morreram? Há estudo que indicam que a incidência de morte súbita é muito maior para bebês com pais fumantes ou alcólatras, indiferentemente de dormirem ou não na mesma cama. Esse tipo de estatística ninguém publica. Eu pratico cama compartilhada e recomendo! É a melhor maneira de criar um bebê seguro e feliz!"

DANIELLE KIOSHIMA ROMAIS, Bióloga (Curitiba, PR)

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Eleição

"Não pude deixar de rir com o parágrafo: 'Em conversas reservadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os resultados das eleições municipais não vão alterar os espaços dos partidos em seu ministério a fim de acomodar vencedores como o PMDB ou derrotados como Marta Suplicy' (Eleições 2008, 27/10) Para quem conhece bem o presidente do Brasil, vale guardar o recorte para ler dentro de pouco tempo, bastará uma ameaça do PMDB e os cargos pretendidos estarão à disposição do partido. Idem quanto a Marta Suplicy. Uma coisa já foi aprendida na gestão Lula, quando ele diz sim, é não, e quando ele diz não, é sim."

IZABEL AVALLONE (São Paulo, SP)

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"Antigamente era muito mais fácil. De um lado havia a direita: Maluf, Qüércia, Fleury, Jânio, Collor, ACM etc. De 'outro lado' estavam Montoro, Covas, FHC, Lula, Ulysses etc. Era fácil distingüir, e o voto útil quase não era necessário. Mas um dia o 'outro lado' chegou ao poder. O PSDB apagou tudo que escreveu aliando-se ao PFL. Já a 'oposição' do 'outro lado', majoritariamente o PT, esqueceu-se também de sua história continuando a política econômica sacramentada na aliança mencionada. Nas últimas eleições, percebe-se uma clara divisão eleitoral. A aliança foi retomada entre José Serra e o que restou da direita em SP, por exemplo. O PT passou a ser a vidraça do voto útil, no caso de Marta por exemplo. E onde fica o papel dos meios de comunicação? A Folha, o jornal que leio há quase 20 anos, era o bastião da cidadania na era Collor. Eu lia o primeiro caderno 'primeiro'. Sentia-me representado. Hoje vejo o levantamento do ombudsman indicar que 'o equilíbrio editorial dissipou-se. O jornal tendeu claramente para Kassab. (...) Mas colunas e artigos fizeram toda diferença. Anotei 13 textos opinativos com críticas a Marta e nenhum contra Kassab. No cômputo final, Kassab foi favorecido'. Isso quando um Bornhausen tem quase duas dezenas de textos em quatro anos. Não dá. Em editorial, a Folha teve coragem de condenar o embate dos policiais (até aí, tudo bem), sem questionar o salário dos policiais e o tempo sem aumento. Corroboraram a tese furada de que o PT tinha a ver com o caso. Como se o Paulinho da Força não apoiasse o atual governador em 2004. Alguém se lembrou? Já perdemos a revista 'Veja'. A Folha agora está indo pelo mesmo caminho..."

MARCO GONÇALVES (São Paulo, SP)

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Bienal

"O silêncio dos proprietários da Choque Cultural em relação ao pichadores que invadiram a galeria em 9 de setembro deste ano e picharam, além das paredes, obras que estavam sendo expostas, é até justificável. Afinal, trata-se de um espaço comercial e privado, e embora a Choque Cultural seja vigorosa e proposta a dialogar com movimentos vanguardistas ultra-hodiernos, dificilmente se esperaria dela uma reflexão pública do acontecimento.
Entretanto, evento semelhante ocorreu nesta semana por ocasião da abertura da 28ª Bienal de SP e, pelo que saiu até agora na Folha, os curadores só emitiram uma nota óbvia e sem nenhum tipo de sugestão reflexiva sobre o acontecido; e não se trata aqui de superdimensionar o caso dos pichadores, mas, sim, de discutir as atuais fronteiras das artes plásticas.
Entretanto, não parece que o forte desta Bienal seja ampliar alguma discussão.
Aliás, o famigerado vazio, que seria prato cheio para repensar os modelos institucionais (no mínimo), apresenta-se anódino, pois não houve, por parte da curadoria, nenhuma ponderação flagrante de sua existência; ele apenas está lá, devoluto; não se sabe se a vacuidade é política ou artística; ou se é parcimoniosa, ou mesmo zombaria. A curadoria não se expõe, apenas expõe o nada como simulacro de latência. É pouco.
E estando as artes plásticas cada vez mais conceituais, a idéia inicial do curador, sr. Ivo Mesquita, séria ou não, de abarrotar o segundo andar com livros de arte, não era idéia inútil; pelo contrário, apesar da ironia, seria uma prestação de serviço louvável tornar acessível os meandros que produziram tanta arte conceitual.
Pois é, enquanto não se ampliam as discussões no circuito das artes plásticas, talvez por temerem perder a chancela de modernos, as falácias avançam ancoradas pela apatia de nossos sentidos, e a cidade que já não era bela está ficando triste."

BERNARDETE OLIVEIRA MARANTES (São Paulo, SP)

 
 

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