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30/12/2012 - 05h30

Economia fica mais sólida, mas vive hoje pior momento

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GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Em outubro de 2002, enquanto Lula vencia pela primeira vez a eleição presidencial, as expectativas de inflação para o ano seguinte saltaram de 5,5% para 8%.

Impensável nos dias de hoje, a escalada repentina das projeções dá uma ideia do terror então inspirado pelo candidato petista entre analistas de mercado, empresários, investidores e especuladores.

Afinal, chegava ao poder o partido que havia sido contra o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o pagamento da dívida externa --basicamente, a tudo que mantinha o precário equilíbrio monetário e financeiro do país.

Nos anos seguintes, o PT patrocinaria de fato mudanças na condução da economia. Mas a condução da economia mudou muito mais a teoria e a prática do partido.

Foram abandonados slogans como "Fora, FMI" e promessas mirabolantes como a de dobrar o poder de compra do salário mínimo em quatro anos --não cumprida nem dez anos depois.

A adesão aos pilares da política execrada nos anos de oposição tranquilizou os mercados. E, com o início de um período de rara prosperidade internacional, a administração petista tirou de cena as principais fragilidades que assombraram o governo FHC.

Graças ao crescimento das exportações e dos investimentos estrangeiros, o governo assegurou o cumprimento dos compromissos externos.

A dívida pública despencou para 35% do PIB, afastando os riscos de insolvência.

A lua de mel com a ortodoxia acabou com o fim da bonança externa. Desde 2009, o controle dos gastos foi afrouxado, a preocupação com a alta de preços diminuiu e recrudesceu o intervencionismo estatal na tentativa de estimular o crescimento.
Os liberais deixaram a equipe econômica, agora quase inteiramente composta por egressos da escola desenvolvimentista, ao gosto do PT. Mas, na falta de opção, mantêm-se ao menos no papel as metas fiscais e inflacionárias.

Neste ano, o Brasil deixou de ser um favorito do mercado global e o PIB estagnado virou piada na imprensa especializada. Mas o PT ainda pode se apegar à indiscutível redução da pobreza, da desigualdade e do desemprego.

Como em quase toda a América Latina, os indicadores sociais melhoraram rapidamente desde a década passada, devido à combinação de transformações no mercado de trabalho e ao impacto de programas sociais.

No Brasil, recordista de gasto público na região, a queda da miséria ficou acima da média, e o programa Bolsa Família se tornou a principal marca doméstica e internacional da gestão petista.

 

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