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Greve no Judiciário paulista chega a 92 dias e é a mais longa da história
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FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO
Com 92 dias de duração, a paralisação dos servidores do Judiciário paulista iniciada em 28 de abril alcançou nesta quarta-feira o recorde de mais longa greve da história da Justiça estadual.
O número deve chegar a 99, já que os cerca de 350 servidores (segundo dados da PM) presentes à praça João Mendes, no centro de São Paulo, decidiram manter o movimento até pelo menos a quarta-feira que vem.
A adesão média à greve, segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o comando grevista, é de 30%. Para o TJ, no entanto, é de 5 a 15%.
O prejuízo calculado pela OAB é de 300 mil processos represados, 280 mil sentenças não proferidas e 100 mil audiências desmarcadas.
Os números, no entanto, são menores do que a greve de 2004, que durou 91 dias: 1,2 milhão, 600 mil e 400 mil respectivamente. À época, a adesão dos servidores ao movimento grevista foi maior.
Em uma visita nesta quarta ao fórum João Mendes, o maior da América Latina, a reportagem da Folha encontrou a maior parte dos cartórios funcionando normalmente. Advogados que saíam do fórum relatavam que, um mês atrás, a situação era pior.
O próprio comando de greve reconhece que no João Mendes a adesão é menor.
BRASÍLIA
Na assembleia de ontem, os servidores votaram também por levar 10 ônibus cheios a Brasília na próxima terça-feira para pressionar o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a investigar o TJ-SP.
Os grevistas reclamam de que a maior parte do orçamento do tribunal seja destinada aos magistrados.
"Essa é a questão. Nada para os servidores, mas dirigir todo o orçamento para juízes e desembargadores", diz José Gozze, presidente da Assetj (associação dos servidores do Tribunal de Justiça).
REIVINDICAÇÕES
Segundo os grevistas, a reivindicação não é de aumento, mas de reposição salarial de 20,16%. Integrantes do comando de greve afirmam que os servidores podem negociar esse índice, desde que o TJ faça uma proposta maior do que a que vem fazendo.
O tribunal oferece 4,77%, em projeto de lei a ser enviado à Assembleia Legislativa, e mais 20,16% a serem incluídos na proposta orçamentária do tribunal para 2011. Em ambos os casos, os grevistas avaliam que não têm garantias de que o aumento vá ser concedido.
Outro ponto de discordância entre os funcionários e o tribunal é o desconto dos dias parados. Desde o mês passado um terço do salário dos grevistas está sendo cortado, assim como, proporcionalmente, benefícios como vale-transporte e vale-alimentação.
Os servidores propuseram ao TJ que os dias parados não sejam descontados, e que se faça um mutirão quando a greve acabar para por os processos em dia.
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