Telinhas e telonas de celulares e televisores foram o principal assunto da CES 2013
Telas! Telas de celular com resolução Full HD; TVs com tela com o quádruplo da resolução Full HD; telas curvadas em celulares e TVs; telas flexíveis; celulares com telas enormes, maiores ainda que as do ano passado. Telas!
Na CES, uma das maiores feiras de eletrônicos do mundo, que terminou na última sexta-feira, em Las Vegas, as telinhas e as telonas foram o principal assunto.
Os termos que mais acompanharam os televisores apresentados no evento foram Ultra HD e 4K. Eles se referem ao novo padrão de resolução, que permite imagens bem nítidas e detalhadas.
A combinação mais bombástica foi a de 4K com Oled, tecnologia de tela que usa como fonte de iluminação diodos orgânicos e permite a produção de modelos ainda mais finos que os atuais. O resultado: cores vibrantes, nível de detalhe impressionante e aparelhos esbeltos.
Estrela de edições anteriores da CES, o 3D teve presença discreta neste ano. Das grandes fabricantes, só a LG devotou um espaço grande de seu estande para a tecnologia, com destaque para um modelo de Oled de 84 polegadas, que exibia imagens com realismo assustador.
Samsung e LG ainda mostraram televisores de Oled com tela curvada. O objetivo é corrigir distorções de imagem que costumam ocorrer nos cantos dos aparelhos.
celulares
As telas curvadas também foram parar nos celulares, embora, nessas dimensões reduzidas, ainda não pareçam ter muita utilidade.
A Samsung demonstrou um protótipo de telefone, em fase bastante inicial, com uma curva na extremidade direita, que permitiria, por exemplo, ver notificações mesmo se a tela estiver coberta com uma capa.
Mais impressionante, porém, é o protótipo de celular da empresa coreana com tela flexível, que, no futuro, permitirá celulares extremamente duráveis e compactos.
Se as telas flexíveis ainda devem demorar para chegar aos bolsos das pessoas comuns, a CES reforçou uma tendência próxima da realidade atual: celulares gigantes. Vários fabricantes asiáticos, entre eles Lenovo, Sony e ZTE, apresentaram aparelhos com telas enormes -com no mínimo 5 polegadas.
Um dos maiores smartphones da atualidade, o Galaxy S 3, da Samsung, tem tela de 4,8 polegadas.
A chinesa Huawei apresentou o Ascend Mate, um celularzaço com 6,1 polegadas, a maior tela de um smartphone do mundo, que deixa ainda mais confusa a fronteira entre smartphones e tablets.
Outro passo dado pelas fabricantes, e que deve espalhar-se para vários lançamentos do ano, é a adoção da resolução Full HD.
Com ela, vídeos, fotos, texto e jogos ficam ainda mais agradáveis aos olhos.
Entre aqueles que apareceram com a resolução de 1.920 pixels x 1.080 pixels, estão o IdeaPhone K900, da Lenovo, o Grand S, da ZTE, o Xperia Z, da Sony, o Vizio Phone, da americana Vizio e o o Ascend D2, da Huawei.
Com este último, a fabricante chinesa atingiu uma marca de pixels por polegada superior à do iPhone, 443 contra 326, e não perdeu a chance de provocar: batizou a tela de "Super Retina".
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OUTRAS TENDÊNCIAS DA CES 2013
GAMES EM NOVOS FORMATOS
Na sua sala há espaço para um PC de games, ao lado da televisão? Você compraria um tablet feito para jogos?
Faz sentido o lançamento de um console portátil voltado para o público 'hardcore'?
Estas são apenas algumas das perguntas sobre o mundo dos games que surgiram na CES 2013.
Mais do que apenas novos produtos, empresas de tecnologia mostraram experimentos em novos formatos.
A Razer, fabricante de acessórios para games, anunciou um tablet com Windows 8 voltado para jogos eletrônicos que pode ser usado com controles físicos ou teclado.
O dispositivo também pode funcionar como um console, com controles tradicionais, ligado à TV.
De olho em um espaço na sala de estar, a Valve, criadora da popular série de games "Half-Life", está financiando um computador voltado para games, feito para funcionar com grandes televisões, o Piston, que poderá rodar Windows ou Linux de acordo com a preferência do comprador da máquina.
Gabe Newell, fundador da companhia, disse que o protótipo apresentado na CES não será a única investida da Valve no setor.
Já a fabricante de semicondutores Nvidia, conhecida pela linha GeForce de placas gráficas para computadores, apresentou o Project Shield, console portátil que roda sistema Android.
A tela de cinco polegadas (com resolução 720p) e sensível ao toque fica acoplada em um joystick semelhante ao do Xbox 360.
Divulgação | ||
Financiado pela Valve, o Xi3 Piston é um computador feito para rodar videogames em televisores |
CHIPS TURBINADOS
Embora focada em aparelhos para o consumidor final, alguns dos maiores lançamentos da feira são produtos que ninguém verá nas prateleiras das lojas: processadores para tablets e smartphones.
Intel, Nvidia, Qualcomm e Samsung apresentaram as novas gerações de seus chips, que devem aparecer em boa parte dos dispositivos móveis que serão lançados neste ano.
Espere por aparelhos poderosos, com capacidade para rodar vários aplicativos ao mesmo tempo: tanto o Snapdragon 800, da Qualcomm, quanto o Tegra 4, da Nvidia, terão quatro núcleos e suporte para o 4G e serão capazes de rodar vídeos em resolução Ultra HD.
Mesmo assim, as empresas afirmam que a autonomia da bateria não é comprometida.
A Samsung, que fabrica os próprios processadores, investiu ainda mais e anunciou o Exynos 5 Octa, um chip com oito núcleos.
Por fim a Intel, que chegou atrasada a esse mercado, apresentou novos chips da linha Atom.
O Z2420 é para aparelhos mais baratos e modestos, construídos para mercados emergentes.
O Z2580 é voltado para celulares mais potentes e promete dobrar a performance de seu antecessor.
A transição de poder dos fabricantes de celulares para aqueles que fabricam seus processadores foi atestada pela presença da Qualcomm na principal palestra da feira, tomando o lugar que por mais de uma década (de 1999 a 2012) coube à Microsoft.
SOFTWARE TENTA GANHAR ESPAÇO
Antes mesmo de a edição 2013 da CES começar, especialistas decretaram sua irrelevância e seu anacronismo.
Empresas como Amazon, Apple, Facebook, Google e Microsoft não participam dela e preferem anunciar seus lançamentos em eventos próprios. E, segundo Mat Honan, da "Wired", é "uma feira de hardware presa numa era de software".
Embora nenhum serviço on-line ou programa revelado na CES tenha causado tanto frisson quanto os celulares, os tablets e as TVs, a feira teve uma boa quantidade de destaques de software.
Um deles foi a versão para celulares do sistema operacional Ubuntu, toda baseada no gesto de deslizar o dedo pela tela. Em fase embrionária, ele só podia ser operado pelos representantes da Canonical e exibia lentidão.
O Fleksy, teclado inteligente disponível para iOS que permite ao usuário digitar sem se preocupar com o posicionamento do teclado virtual, mostrou na CES sua versão para Android.
Já a Nuance demonstrou um sistema de controle de voz, semelhante ao Siri, da Apple, que sincroniza o histórico de buscas do usuário em dispositivos com Android, iOS e Windows e em TVs.
O fundador do serviço de vídeo on-line Netflix, Reed Hastings, foi à feira, mas sua empresa não montou um estande. Questionado pela Folha sobre o motivo, Hastings respondeu: "A CES é um evento de hardware, e nós somos uma empresa de software." E no ano que vem? "Não pensamos sobre isso."
O jornalista BRUNO ROMANI viajou a convite da Qualcomm
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