HP anuncia plano para se dividir em duas empresas
A HP (Hewlett-Packard) vai promover a cisão entre sua divisão de computadores e impressoras e seus negócios de software e hardware para empresas, em uma transação que dividirá em dois o problemático conglomerado norte-americano de tecnologia.
A decisão representa um revés para Meg Whitman, antiga presidente do eBay, contratada três anos atrás para reverter a decadência do enfraquecido conglomerado de tecnologia.
Um de seus primeiros atos ao assumir o comando da companhia foi abandonar a proposta de separar a divisão de computadores pessoais que havia sido apresentada por seu predecessor Leo Apotheker, ainda que posteriormente ela tenha declarado que estava aberta a ações mais radicais a fim de enfrentar os problemas da HP.
Whitman será a presidente-executiva da Hewlett-Packard Enterprise, que cuidará das operações de hardware e software para empresas do grupo. Dion Weisler, executivo da divisão de impressoras e sistemas pessoais da HP, se tornará presidente-executivo da companhia de computadores e impressoras. Patricia Russo, membro do conselho da HP e antiga presidente-executiva da Alcatel-Lucent, se tornará presidente do conselho da HP Enterprise.
A decisão marcaria o fim de um controvertido período de 13 anos na história da companhia, iniciado quando Carly Fiorina, então presidente-executiva do grupo, fechou acordo para adquirir a Compaq Computer, uma das maiores fabricantes de computadores dos Estados Unidos. A dissensão por parte de alguns membros das famílias dos fundadores da HP quase levou a uma rejeição da transação pelos acionistas.
Fiorina sofreu anos de problemas de integração na divisão de computadores pessoais, ainda que ela e outros executivos da HP alegassem continuamente que operar na produção de computadores pessoais oferecia à HP uma vantagem em seu negócio de servidores, um mercado para o qual a companhia servia como referência, porque os dois tipos de máquina funcionavam com a mesma tecnologia.
Whitman conseguiu estabilizar as finanças da HP e recuperou a desgastada confiança dos acionistas por meio de medidas severas de corte de custos. No entanto, o faturamento da empresa caiu e ela enfrentou dificuldades para reforçar a competitividade da empresa, que vinha em queda em suas quatro principais divisões de negócios.
Com base nos resultados do ano passado, as duas partes da HP estariam entre as 50 maiores companhias dos Estados Unidos, de acordo com o ranking mundial produzido pela revista "Forbes".
As operações de computadores pessoais e impressoras da HP geraram faturamento de US$ 55,9 bilhões no ano passado, muito semelhante aos US$ 55,7 bilhões das divisões de computadores empresariais, serviços e software.
O plano de cisão surge uma semana depois que o eBay revelou uma bifurcação semelhante, ao promover a cisão da divisão PayPal.
As duas companhias vêm enfrentando pressão para melhorar seus resultados primários, e anteriormente haviam argumentado em defesa de manter intacta sua gama completa de negócios, antes de por fim cederem à ideia de uma divisão.
A decisão de Whitman de manter a unidade de computadores pessoais, três anos atrás, foi vista na época como resposta mais prática a uma crise na companhia depois da tentativa fracassada de Apotheker para reordenar a carteira de negócios da HP.
O anúncio de que ele estava considerando promover uma cisão da divisão de computadores foi visto por Wall Street como potencialmente desastroso para os negócios, porque a incerteza quanto ao futuro da companhia ameaçava prejudicar suas vendas.
Apotheker também fracassou em uma tentativa simultânea de aprofundar as operações da HP no ramo de software, com a aquisição do grupo britânico de software Autonomy por US$ 11 bilhões. Mais tarde, a HP contabilizaria como prejuízo US$ 8,8 bilhões do valor dessa transação.
No trimestre passado, a divisão de computadores pessoais da HP voltou a crescer depois de dois anos de queda de vendas, mas o crescimento dessa operação foi notavelmente mais lento que os dos rivais Dell e Lenovo, o grupo chinês que recentemente superou a HP como maior vendedor mundial de computadores pelo critério de volume.
Em maio, a companhia anunciou que cortaria 16 mil postos de trabalho como parte de seu esforço de recuperação, o que conduziria o total de demissões previstas a até 50 mil.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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