Internet será mais 'chinesa' e vai mudar mais rápido em 2015, diz IDC
No jogo de previsões de final de ano, a maioria das de tecnologia tendem a ser deslumbradas, compostas por devaneios ou por obviedades.
Durante os últimos anos, a empresa de pesquisa IDC vem publicando relatórios que geralmente evitam as dificuldades do gênero, e oferecem uma útil ferramenta para pensar sobre as tendências em tecnologia. As previsões da firma para 2015, publicada nesta terça (2), têm 17 páginas em um relatório rico em números e em analistas.
Além do nível de detalhe, dois temas sobressaem aos demais. O primeiro é a China. A maior parte das observações e dos relatórios sobre a economia chinesa mostram que a gigante asiática está desacelerando em crescimento e que enfrenta desafios.
"Na tecnologia da informação, é bem o oposto", diz Frank Gens, analista-chefe do IDC, em entrevista. "A China tem um mercado interno feroz em tecnologia."
Em 2015, o IDC estima que cerca de 500 milhões de smartphones serão vendidos só na China, três vezes o número de unidades nos EUA e cerca de um terço do mundo todo. Aproximadamente 85% dos celulares inteligentes vendidos na China serão fabricados pelas empresas locais, como Lenovo, Xiaomi, Huawei, ZTE e Coolpad.
A crescente proficiência das fabricantes nacionais chinesas tornarão mais difícil a situação para estrangeiras, como mostram o crescimento e o lucro menores da Samsung.
Mais de 680 milhões de habitantes do país estarão on-line no ano que vem, cerca de 2,5 vezes a população na internet nos EUA. E os números na China devem crescer ainda mais graças a uma iniciativa do governo, chamado Projeto de Banda Larga da China, que pretende 95% dos cidadãos em centros urbanos conectados a redes de alta velocidade.
No geral, os investimentos em tecnologia de informação e de comunicação será superior a US$ 465 bilhões em 2015, aumento de 11% em relação ao ano anterior. A expansão do mercado tecnológico da China representará 43% do incremento do setor no mundo.
MUDANÇAS
Outro tema no relatório do IDC é a maior velocidade na transição entre tecnologias antigas para as mais novas. O gasto em tecnologia e telecomunicações, estima a empresa, crescerá modestos 3,8% em 2015. Ainda assim, esse número esconde as tendências por trás dele.
O IDC prevê que haverá 13% de aumento no que a firma chama de tecnologias de "terceira plataforma" (nuvem, dispositivos portáteis e "big data"). Em contraste, tecnologias antigas verificarão estagnação e "quase recessão", segundo o IDC, e "estarão em plena recessão" no segundo semestre do ano.
A terceira plataforma do IDC é similar ao que o Gartner, outra empresa de pesquisa grande, chama de "conjunto de forças" que varre o segmento –os ingredientes do Gartner são virtualmente os mesmos, com rótulos distintos: interação social, mobilidade, nuvem e informação.) A primeira plataforma, na taxonomia do IDC, é a era de "mainframes", dos anos 60 aos 80. A segunda plataforma incluía PCs e a web, a partir dos anos 80 até os 2000.
Os centros de dados de nuvem são como as casa das máquinas para as demais tecnologias de terceira plataforma. Construir tais indústrias é crescentemente uma empreitada custosa e arriscada. Em 2015, diz o IDC, haverá uma "peneira".
Os principais atores continuarão investindo e crescendo, e o IDC os identifica como Amazon, Google, IBM e Microsoft. "Mas veremos diversas quedas, ao que companhias voltam atrás nas suas entradas em infraestrutura e se focam no que são boas", diz Gens.
Mas enquanto alguns atores desertam, a China pode criar um ou dois grandes atores de nuvem, diz o IDC. O Baidu, motor de buscas chinês, ou o Tencent, a grande rede social da China, pode muito bem ir além de construir centros de dados para seu próprio uso –caminho tomado pela Amazon e pelo Google.
"Levados por seu mercado interno massivo", diz o IDC, "um ou mais desses três gigantes baseados em nuvem desafiarão a Amazon, o Google, a IBM, a Microsoft" e outras nos próximos três ou quatro anos.
Candidatas a deixar o setor de nuvem incluem a HP e as empresas de telecomunicações. A Salesforce, líder em software de nuvem, pode querer fazer um acordo com uma das grandes construtoras de data centers, sugere Gens. Dessa maneira, diz, a Salesforce poderia concentrar seus recursos em software –assim como a alemã SAP fez com a IBM recentemente.
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