Em vez de ser 'guia', Apple 'se inspira' em produtos de rivais
"Bem-vinda, Apple. Sério", escreveu a empresa de streaming musical Rdio no Twitter depois de a fabricante do iPhone mostrar um serviço rival, o Music, em apresentação nesta segunda-feira (8). Trata-se de uma referência ao histórico anúncio da Apple quando da entrada da IBM no mercado de PCs, em 1981.
O Music, que poderia ser definido como uma mistura de Spotify (streaming), MySpace (rede social musical) e Pandora (rádio on-line), foi um dos motes para brincadeiras –e críticas– por rivais e detratores da empresa sediada em Cupertino, que mostrou durante o congresso WWDC no que trabalhará para as próximas versões de seus sistemas e aplicativos.
Justin Sullivan/Getty Images/AFP | ||
Tim Cook, presidente-executivo da Apple, durante apresentação no WWDC nesta segunda-feira |
O News, por exemplo, novo app de notícias, foi amplamente comparado ao Flipboard, por causa do visual que lembra o de uma revista eletrônica. O presidente-executivo do Flipboard, Mike McCue, disse ao "Financial Times" que "claramente há o mesmo DNA" nos dois aplicativos, apesar de ele não ter feito declarações que atacassem a parceira Apple.
O Facebook mostrou no mês passado uma iniciativa parecida, com seu Instant Articles, que também permitirá a veículos de imprensa parceiros criarem e divulgarem reportagens com conteúdo multimídia e interativo.
Há duas semanas, durante sua conferência Google I/O, a gigante de busca detalhou seu futuro sistema de pagamentos usando o celular, chamado Android Pay, que terá o suporte a programas de fidelidades de redes como Walgreens –algo tido como um diferencial do sistema, até a Apple revelar que sua tecnologia financeira (o Apple Pay, lançado no ano passado) também terá a capacidade.
Ou seja, o Google "se inspirou" na rival Apple (e na parceira Samsung) para um sistema de compras físicas com dispositivos móveis. Logo em seguida, foi pago na mesma moeda.
O Maps, que teve uma estreia desastrosa em 2012, ganhará enfim informações de transporte público em dispositivos móveis e no Mac, algo que o Google fez em seu app para Android em 2011 e no computador em 2007.
Para tornar a assistente virtual Siri "pró-ativa", como demonstrou na segunda, a empresa fundada pelos "Steves" Jobs e Wozniak parece ter se inspirado na capacidade de prever as necessidades do usuário que é marca do Google Now.
Jobs disse em entrevista a um canal de TV em 1996 que era totalmente "despudorado ao roubar grandes ideias", como relata o site The Verge, em texto que menciona a função de dividir a tela para dois aplicativos simultâneos, presente há algum tempo nos tablets Surface, da Microsoft.
A publicação diz que o "tema" do WWDC está sendo "copiar a concorrência".
O "Financial Times" mostra que as capacidades que serão introduzidas no app Notes (central de anexos e hiperlinks com descrição prévia) são "emprestadas" do OneNote, da fabricante do Windows, e do Evernote.
O repórter YURI GONZAGA viajou a convite da Apple
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade