DEPOIMENTO
Moeda é para os entusiastas de tecnologia
George Frey - 26.abr.13/Getty Images/AFP | ||
Moedas de bitcoin |
Comprar bitcoins é fácil: é só ler as instruções no site de uma empresa que as comercializa e se cadastrar no portal de outra que lhe fornece uma carteira digital. Mas ainda há burocracias: é preciso enviar, pela web, um comprovante de residência e uma selfie segurando um documento de identificação.
Fiz tudo isso, além de uma transferência bancária para comprar as moedas, e rapidamente tinha 0,22 BTC (o equivalente a US$ 100 em 25 de maio; agora, os mesmos US$ 100 comprariam 0,15 BTC).
A ideia era, a partir desse momento, não usar mais pesos nem cartões. Primeira dificuldade: não descobri nenhum mercado que aceitasse as moedas e tive de fazer todas as refeições fora.
No Porto Pirata, no bairro Retiro, almocei e fiz meu primeiro pagamento com bitcoin. O app no celular lê um código QR (espécie de código de barra) e basta colocar a senha. A gorjeta, porém, tem de ser em espécie e meu plano de não usar dinheiro fracassou já de cara.
No meu segundo dia high-tech, descobri no Facebook táxis igualmente high-techs. Liguei para o primeiro, que disse que era preciso marcar com um dia de antecedência. O segundo topou e me levou a uma lanchonete. Inconveniente: como há mais lanchonetes e bares do que restaurantes no mundo das bitcoins, acabei tendo que almoçar sanduíche.
Para jantar, recorri ao AntiDomingo, do outro lado da cidade. Fiquei com preguiça de esperar o taxista high-tech e peguei um na rua, fugindo da proposta inicial mais uma vez.
No terceiro dia, sucesso no café da manhã em uma lanchonete chamada Bitcoffee. No almoço, tentei um outro café que também imprime objetos em 3D. Só a parte da impressão estava funcionando. Um restaurante ao lado exalava cheiro de comida e desisti aí do meu projeto.
Conclusão: bitcoin, por enquanto, é para os entusiastas de tecnologia, ao menos se a ideia for usá-la como meio de pagamento. As opções são poucas.
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