Profetas de Aleijadinho são essência de Congonhas
Uma viagem de pouco mais de uma hora e meia pelo sobe e desce das montanhas mineiras conduz o visitante de Mariana a Congonhas.
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Congonhas seria como uma cidade comum do interior mineiro não fosse ter, em sua colina mais elevada, um dos maiores conjuntos de esculturas barrocas do mundo, que estão no santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Para adornar a escadaria da igreja, Aleijadinho ergueu, entre 1800 e 1805, 12 profetas em pedra-sabão, originalmente de tonalidade cinza-esverdeada.
Esculpiu em pedra-sabão, em tamanho natural, os profetas Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oseias, Jonas, Joel, Amós, Abdias, Naum e Habacuc, que parecem pregar na escadaria que conduz à célebre igreja barroca de Minas.
A escultura de Daniel, pisoteando um leão, é a mais famosa. Trata-se da imagem de capa desta edição.
Controvérsia
Órgãos do governo e instituições culturais discutem a possibilidade de protegê-las dos efeitos decompositores decorrentes da exposição constante ao ar livre.
Nesse caso, um museu seria construído perto do santuário para abrigá-las.
O projeto de guardar em um museu as esculturas originais, que seriam substituídas por cópias na escadaria diante da igreja, tem gerado controvérsia entre moradores e visitantes.
Euclides Santos Mendes/Folhapress | ||
Entrada do santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, com esculturas de Aleijadinho em sua escadaria |
O santuário inclui também as capelas dos Passos, seis pequenos templos erguidos entre 1799 e 1875 no largo em frente à igreja, que guardam 64 esculturas em cedro-rosa e em tamanho natural.
Representações de cenas da vida e da paixão de Cristo, as esculturas foram criadas por Aleijadinho e também por aprendizes do seu ateliê nos últimos anos do século 18.
O ideal é seguir de uma capela a outra em zigue-zague, a começar pela mais distante da igreja, acompanhando cronologicamente os passos de Cristo rumo ao calvário.
Entreolhando as cenas que Aleijadinho concebeu, observa-se a figura de Cristo em sua última ceia ladeado pelos apóstolos (primeira capela), a meditação no monte das Oliveiras (segunda capela) e a prisão (terceira).
Em seguida, aparecem a flagelação e a coroação de espinhos (quarta), a cruz que lhe pesa aos ombros (quinta) e, enfim, o martírio final ao ser pregado na cruz, enquanto Maria, sua mãe, chora (sexta e última capela).
As esculturas portam as peculiaridades da herança estética de Aleijadinho: olhos mongóis, maçãs do rosto salientes, queixo bipartido e cabelos encaracolados.
Vida de Cristo
No interior da igreja do Bom Jesus, as paredes, de mais de um metro de largura, são adornadas com pinturas representando a vida de Cristo. Na mesa do altar, há uma escultura de Cristo deitado.
Num salão ao lado do templo, centenas, senão milhares, de ex-votos contam a história de fiéis em busca de milagres ou demonstrando gratidão pela promessa cumprida, como fez o minerador "mecenas" que financiou a construção do santuário.
Saiba Mais
Patrimônio Cultural da Humanidade segundo a Unesco e uma das obras-primas da arte barroca brasileira, o santuário do Bom Jesus de Matosinhos começou a ser construído em 1796.
Entre os artistas que o conceberam, houve um cujas mãos deformadas lhe valeram o famoso apelido de Aleijadinho.
O local foi encomendado pelo minerador Feliciano Mendes, que decidiu cumprir uma promessa ao se ver curado de uma doença.
A obra é fundamental para compreender a importância de Aleijadinho.
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