Restaurantes de Lima revelam sucesso gastronômico do Peru
A capital peruana, Lima, tem dois perfis. Um antigo, dos sítios arqueológicos. O outro, mais moderno, é o da gastronomia. Como já mostrava a propaganda no ônibus que leva do aeroporto ao centro da cidade: "A cozinha do Peru é a melhor do mundo".
Lima não demora para estender o seu tapete vermelho: e ele parece trazer estampada em letras garrafais a ideia "decifre-me, devorando-me".
Na melhor das hipóteses, o viajante médio chega à capital peruana com uma vaga ideia do que sejam ceviches, os cubinhos de peixe cru marinados em limão e cebola, a receita mais famosa do país.
Mas antes mesmo de sair de Callao, a "Guarulhos" local, onde fica o aeroporto, o motorista já havia mencionado que são cerca de 400 os pratos típicos peruanos.
Gisella Benavides E./Divulgação | ||
Salão do restaurante Central, de Lima, Peru |
Se nas conversas brasileiras falamos sobre futebol, em Lima não é difícil descobrir os pratos prediletos alheios. Há orgulho, e até ufania, nas conversas alimentícias.
"Quando falamos de gastronomia, nos convertemos em argentinos", diz à Folha, com humor, o romancista peruano Enrique Planas.
Outro escritor destacado do país, Iván Thays, publicou no ano passado no site do jornal espanhol "El País" um artigo criticando a gastronomia local; sofre indigestões até hoje por isso.
Parece ter sido exceção. A comida é cantada em verso e prosa (há, de fato, um romance com o tema, "Cocinero en su Tinta", de Gustavo Rodríguez), dentro e fora do país.
Na primeira edição do ranking dos 50 melhores restaurantes da América Latina, promovido pela revista "Restaurant" na semana passada, o Astrid & Gastón, do peruano Gastón Acurio, ficou em primeiro lugar. Além disso, há sete casas daquele país entre as 15 melhores. A Folha teve a árdua missão de conhecer três delas.
O Malabar (av. Camino Real, 101), no elegante bairro de San Isidro, ensina a nós, brasileiros, que uma enorme fatia do Peru fica na Amazônia. O chef Pedro Miguel Schiaffino serve peixes como o paiche (mais conhecido aqui como pirarucu).
Já o Central (calle Santa Isabel, 376, Miraflores) é um "masterclass" de um dos pilares da gastronomia peruana: a variedade de insumos. O cozinheiro Virgilio Martínez é criativo: com um milho-roxo, ele faz marshmallows. Para não mencionar o polvo na brasa, que nos lembra que Lima é a única capital sul-americana banhada pelo Pacífico.
Por fim, no Astrid & Gastón (Cantuarias, 175, Miraflores -o restaurante mudará de endereço em 2014), o cliente se delicia com um menu que conta a história da viagem de um italiano da Ligúria rumo ao Peru nos anos 1930, com produtos tradicionais como batatas -há centenas de tipos delas no país- e a fruta típica lúcuma.
Divulgação | ||
Ambiento do do restaurante Astrid y Gastón, do chef Gaston Acurio, em Lima, Peru. |
O jornalista CASSIANO ELEK MACHADO viajou a convite da PromPerú
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