No sertão de Pernambuco, turista pode conhecer produção vinícola
Quando se pensa em vinhos no Brasil, a primeira associação é ao Rio Grande do Sul -Estado que é o maior produtor do país. Mas há tempos a vinicultura deixou de ser monopólio gaúcho.
Uma das regiões que desponta nesse cenário é o sertão pernambucano, terra de contrastes que une a vegetação peculiar da caatinga às terras banhadas pelo rio São Francisco. É nelas que a aridez cede espaço para a exuberância da produção agrícola.
As terras férteis da região produzem frutos como manga e goiaba, exportados para diversos países, mas também uvas -de castas "de mesa", apropriadas para sucos ou consumo in natura, às viníferas. Malbec, cabernet sauvignon, merlot, chenin blanc e tannat são alguns dos nomes ouvidos pela região.
Do vale do São Francisco saem 7 milhões de litros por ano dos chamados vinhos finos –pouco mais de 15% da produção nacional–, com um diferencial em relação a outras regiões produtoras: aqui, se faz vinho quase que sem interrupção, em até três safras ao longo do ano.
O apoio da unidade para estudo de uvas e vinhos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) criou um polo de desenvolvimento de fruticultura irrigada na região.
Em Petrolina (PE), cidade-base para quem visita a região, o próprio Centro Tecnológico da Uva e do Vinho, laboratório da Embrapa Semiárido, pode ser visitado (tel. 87/3866-3600) –uma trilha de 300 metros mostra a diversidade da flora e da fauna da caatinga.
Mas vinho mesmo, e para conhecer os métodos de produção e degustar a bebida direto da fonte, está nas vinícolas.
São, hoje, ao menos seis delas, entre os municípios de Casa Nova, na Bahia, e Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, em Pernambuco. Três –a fazenda Ouro Verde (administrada pelo grupo Miolo), a Santa Maria (ligada ao grupo português Dão Sul) e a Adega Bianchetti– abrem as portas para os turistas.
O passeio vale como uma aula prática sobre o preparo da bebida, seus aromas e variedades. Mas, vale o aviso: como os caminhos entre os locais são longos e a estrutura por vezes é precária, prefira fazer o passeio com o acompanhamento de guias da região -que cobram diárias de cerca de R$ 230.
Para entrar nas vinícolas, o ingresso é quase simbólico: R$ 10 por pessoa.
A visita mais completa é na Santa Maria, que produz os rótulos Rio Sol. A produção das uvas margeia o São Francisco –e é possível até andar de barco com direito a vinho, além de passar pelos pontos de recebimento das uvas, a sala das barricas e uma loja.
Curiosidade: o local serviu de locação para a minissérie "Amores Roubados", da Globo.
Na Ouro Verde, a visita passeia pelos vinhedos, com direito a prova das uvas, e permite conhecer a sala de barricas. Ao final, o ingresso dá direito a uma taça de degustação -antes de o turista decidir se leva um vinho para casa.
O esquema é semelhante na Bianchetti. Em todas, é necessário agendar a visita.
Para explorar ainda mais a região, há passeios como o Vapor do Vinho (R$ 130), que inclui visita à vinícola da Miolo, almoço e um passeio de barco que atravessa uma eclusa; e o Catamarã, com ingresso para a Santa Maria.
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