Seis meses após atentados, turismo ainda não se recuperou em Paris
Remy de la Mauviniere - 6.jan.2015/Associated Press | ||
Turistas fazem selfie em frente à pirâmide do Louvre, em Paris |
Seis meses depois dos atentados de 13 de novembro em Paris, a baixa taxa de ocupação hoteleira, os restaurantes um pouco vazios e lojas com poucos clientes mostram os turistas ainda não voltaram totalmente à cidade.
A hotelaria parisiense segue sem se erguer completamente, golpeada, em janeiro de 2015, pelos ataques contra a revista satírica "Charlie Hebdo" e um supermercado judaico, e em novembro, pelo atentado contra a casa de shows Bataclan e outros locais de diversão.
Abril foi o pior mês desde os ataques de novembro, segundo a consultoria MKG, especializada no setor
"Há um desinteresse da clientela que vinha por prazer e dos estrangeiros, que têm preferido o sul da Europa", disse, à agência AFP, Vanguelis Panayotis, diretor de desenvolvimento da MKG.
No mês passado, a taxa de ocupação hoteleira cedeu 11 pontos em relação à marca de um ano atrás –foi de 70,4%, contra 81,4%. Para compensar, os hotéis baixaram seus preços –mas viram suas receitas registrarem queda de 19,6%, segundo o indicador RevPar.
"Há ao menos 15 anos não tínhamos visto uma queda tão marcante em Paris", diz Panayotis.
Philippe Gauguier, da consultoria In Extenso, assinalou que a onda de atentados de Bruxelas, em março, também teve impactos negativos na França.
Philippe Leboeuf, diretor do hotel de luxo Mandarin Oriental, reconheceu que "as taxas de ocupação desde o começo de 2016 foram mais fracas do que o habitual (49% em janeiro e 40% em abril, por exemplo)", mesmo tendo em conta que esses meses são habitualmente mais fracos.
Ele se mostrou pouco otimista em relação a uma possível recuperação nas próximas semanas. "A clientela de turismo do exterior não deve vir, especialmente japoneses e chineses", acrescentou Lebouef, que tem multiplicado suas viagens para promover o hotel e a cidade.
Segundo um estudo da consultoria ForwardKeys publicado em março, as reservas feitas por visitantes estrangeiros registraram baixa de 22% em relação a 2015.
A diretora do hotel Meurice, Franka Holtmann, reconheceu que o estabelecimento de cinco estrelas não conseguiu recuperar, até agora, a clientela de turistas a lazer. "Quando podem escolher, eles têm preferido Londres ou Roma", diz.
VIDA NOTURNA
Thomas Samson - 31.mar.2012/AFP | ||
Disney recebe turistas no parque da Disney em Chessy, próximo a Paris |
O setor espera uma recuperação durante a Eurocopa, que será realizada na França a partir de 10 de junho. "Mas as reservas continuam tímidas", afirma Panayotis.
A frequência de restaurantes também caiu, sobretudo à noite. "Há menos clientes, e a partir das 22h Paris tem se convertido em uma cidade fantasma", lamenta Roland Héguy, presidente da União de Escritórios e Indústrias de Hotelaria.
As lojas de luxo também acusaram o golpe, sobretudo por causa da baixa afluência de clientes asiáticos. O grupo LVMH registrou estagnação nas vendas.
Nas grandes lojas do boulevard Haussmann se notou o mesmo efeito. Nem a Galeries Lafayette nem a rede Printemps quiseram falar a respeito, mas uma fonte assinalou que as vendas não voltaram, até aqui, aos níveis de antes dos atentados de novembro.
"Os clientes estrangeiros, como japoneses, que são os principais compradores nas grandes lojas, não voltaram", disse essa fonte, apontando que a clientela francesa, atingida pela crise econômica, não compensou a queda.
No setor de espetáculos, shows conseguiram lotação máxima, depois de um breve período de queda, mas os teatros ainda registram baixa, sobretudo pelo número menor de peças para jovens, motivado pela redução nas excursões escolares.
O museu d'Orsay registrou queda de visitantes de 8% desde o começo de 2016, apesar do êxito da exposição de Henri Rousseau. O Louvre, sem dar números, afirmou que a frequência começou a aumentar depois do fim de semana de Páscoa, mas continua abaixo das cifras habituais.
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