Arte urbana e música renovam periferia de Medellín
Pedro Diniz/Folhapress | ||
Grafite na Comuna 13 |
No universo distópico do filme "Jogos Vorazes", o governo ditatorial reprime o povo de Panem e ataca o Distrito 13 para apagar do mapa qualquer faísca de revolta contra o sistema. É difícil olhar a Comuna 13, favela da periferia de Medellín, e não relacionar os planos real e fictício.
A segunda maior cidade da Colômbia é o coração da retomada econômica e cultural do país pós-Uribe. A favela virou tela em branco para grafiteiros e atrativo turístico da cidade depois de ter sido bombardeada na operação militar Órion, em 2002, que matou dezenas de pessoas sob o pretexto de desmantelar o narcotráfico e guerrilhas urbanas da região. Grupos de direitos humanos estimam que haja mais de 500 desaparecidos.
Os pequenos negócios pipocaram na comuna, repleta de pequenos ateliês e cafés onde se vendem obras cujas imagens remetem aos dias dos toques de recolher e tiros.
Pelo "tour do grafite", é possível ver o cinza do cimento das estruturas reformadas. A cor contrasta com os desenhos em spray nas encostas.
A Comuna 13, aonde se chega pela estação de "metrocable" (metrô teleférico) San Javier, é um dos enormes complexos de favelas de Medellín, com população estimada em cerca de 100 mil pessoas.
Entre as 16 comunidades desse tipo existentes na cidade, essa foi a mais violenta entre os anos 1980 e 1990. Depois, virou modelo de transformação social.
Escadas rolantes conectam os declives e levam às obras multicoloridas, como um museu a céu aberto.
Próximo a grupos de garotos que treinam passos do hip-hop está o centro cultural Casa Kolacho, dedicado à preservação do estilo musical, tão importante para os moradores quanto o reggaeton, gênero difundido por outros lugares da cidade.
Entre telas, canecas e camisetas com referências à arte urbana, vendidas cada unidade a R$ 40, a imagem de um elefante chama atenção. O animal, que também está desenhado em muros, é um dos bichos com melhor memória.
"Como nós, ele não se esquece das coisas facilmente", diz Yherson Marulanda, 22, dono do simpático café Aroma de Barrio e um dos grafiteiros mais reconhecidos dali. "Manter a memória faz com que o passado não se repita."
A pecha de capital mundial do narcotráfico e casa de um incômodo morador, o traficante Pablo Escobar (1949-1993), não encontra eco na Medellín moderna, com as noites mais animadas da província de Antioquia e, dizem os nativos, de todo o país.
Pelas ruas que circundam o parque Lleras, no bairro de El Poblado, se espalham restaurantes de comida cara, fast-food, baladas gay, discotecas, bares e, principalmente, casas de reggaeton.
Pedro Diniz/Folhapress | ||
Escadas rolantes que conectam declives da Comuna 13, em Medellín |
"DES-PA-CI-TO"
No Gusto Nightclub, movimentado todos os dias da semana, promoções de "shots" regam a festa, com misturas como café e licores de laranja e baunilha finalizados com um palmo de chantilly. O nome: "orgasmo shot".
O clima quente é embalado por hits dos cantores Maluma e J. Balvin, expoentes do reggaeton, gênero que, apesar de ter nascido em Porto Rico, fez de Medellín sua casa e centro das maiores gravadoras.
A maioria das boates e dos bares toca "crossover", uma mistura do ritmo local com a salsa importada da cidade de Cali. Esse viés nacionalista é o que faz da vida noturna de Antioquia uma atração.
O clube Babylon é um dos mais disputados, além do Luxury. Os puristas vão ao Prizma, no bairro Colombia.
Lá, o combo música, comida e bebida termina na pista de dança, onde dá para fazer coro, performance e pedidos ao DJ. Mas é aconselhável ir "devagarinho" e lembrar uma regra de etiqueta: sem "Despacito", o chiclete que virou a primeira música latina a liderar o ranking do serviço de streaming Spotify.
Embora a música tenha ajudado a difundir o reggaeton e Medellín como seu epicentro, ali ninguém parece aguentar mais ouvir os suspiros de Justin Bieber. Bem, só ali mesmo?
Pedro Diniz/Folhapress | ||
Grafite em casa da Comuna 13, favela na periferia de Medellín |
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PACOTES
R$ 2.059
Seis noites em Medellín, com hospedagem em quarto superior. Com café da manhã. Preço por pessoa. Inclui passagem aérea. Na Decolar: decolar.com
R$ 2.850
Quatro noites em Medellín, em quarto duplo. Com café da manhã e city tour inclusos. Valor por pessoa, com passagem aérea. Na CVC: cvc.com.br
R$ 4.833
Nove noites na Colômbia, entre Medellín, Bogotá e Cartagena, em apartamento duplo e com café da manhã. Inclui passeios pelas cidades e traslado. Valor por pessoa. Sem aéreo. Na Agaxtur: agaxturviagens.com.br
R$ 4.471
Nove noites na Colômbia (duas em Bogotá, duas em San Andrés, duas em Medellín e três em Cartagena), em apartamento duplo e com café da manhã. Com passeios panorâmicos nas cidades, traslados e seguro-viagem. Preço por pessoa e sem passagem aérea. Na Adventure Club: adventureclub.com.br
R$ 5.020
Nove noites (três em Bogotá. três em Medellín e três em Cartagena), em acomodação dupla. Com café da manhã, tour nas três cidades e traslado. Preço por pessoa, com passagem aérea incluída. Na Abreu Tur: abreutur.com.br
O jornalista viajou a convite da Inexmoda
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