Gabeira e Míriam Leitão vão à Amazônia para registrar destruição e resistência da floresta

Jornalistas conduzem série documental da GloboNews, que também terá André Trigueiro para falar de soluções ambientais

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São Paulo

Experiente em noticiar a região Norte do país e participante de coberturas de grande relevância, como a do assassinato de Chico Mendes, o jornalista Fernando Gabeira, 81, fez inúmeras viagens pela Amazônia. Mas a mais recente, para uma série de documentários do canal GloboNews, tem um tom de despedida.

"Não só por causa da minha idade, mas porque a Amazônia, tal como a conhecemos, está à beira de desaparecer", afirma Gabeira, no primeiro episódio da série, que tem início na BR-163, com a visão das plantações de soja nos arredores. "A Amazônia com suas florestas riquíssimas, com seus serviços ambientais, está muito próxima de chegar a um ponto de destruição não reversível."

O jornalista conduz o especial "Pelas Estradas do Brasil - Amazônia", com dois episódios. O primeiro foi ao ar no último dia 12 e está disponível online para assinantes do serviço Globoplay. O último será transmitido no próximo domingo (19), às 21h30.

Os programas de Gabeira são os primeiros de um pacote de documentários sobre meio ambiente do canal. Na sequência, entram os jornalistas Míriam Leitão, que também foi à Amazônia, e André Trigueiro, que abordará iniciativas de preservação.

Miriam em frente a homem com chapéu de boiadeiro; ao fundo, gado
Miriam Leitão durante gravação de reportagem na Amazônia - Divulgação/GloboNews

O chamado "ponto de não retorno" a que Gabeira se refere tem sido alertado por pesquisadores há algum tempo. Ao chegar a determinado nível de destruição —talvez não muito distante do atual—, a floresta deverá passar por um processo de savanização, na qual a sua biodiversidade e serviços ecossistêmicos serão perdidos.

À Folha Gabeira relembra que, atualmente, os serviços ecossistêmicos da floresta já não são mais os mesmos. Ele cita o fato de que 8 das 10 cidades que mais emitem gases-estufas no país estão na Amazônia e de que partes da floresta —graças ao desmatamento e à degradação— já emitem mais do que absorvem CO2, gás responsável pela crise do clima.

Considerando o atual ano relevante politicamente, é importante que a Amazônia entre na agenda política, diz o jornalista. "A ideia era fazer com que as pessoas, os eleitores, tivessem uma visão do que é a Amazônia e do que é preciso mudar por lá", afirma.

Gabeira diz que se impressiona com o fato de que o crime ambiental na Amazônia, como o garimpo, está atualmente mais integrado a outros ilícitos, como tráfico de drogas. "O que é evidente para nós todos é que o Estado não está presente."

Gabeira fotografa árvore caída
Fernando Gabeira durante gravação de reportagem na Amazônia - Divulgação/GloboNews

A impressão de Leitão é semelhante. "Você sente uma desenvoltura muito maior do crime. Passei por cartazes, na estrada, de comemoração por poder se armar. Tem um clima muito mais tenso, mais pesado", disse à Folha.

No início do mês, o repórter britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram na região do Vale do Javari (AM). Há suspeitas de ligação do caso com pesca e caça ilegais —segundo a Polícia Federal, um pescador confessou ter participado do assassinato dos dois.

O desmatamento foi outro ponto que marcou Leitão e sua equipe de reportagem. "Tem hora que você viaja, viaja e viaja e fala: ‘Eu não estou na Amazônia, isso não é Amazônia’. Porque não tem floresta", diz a jornalista.

O documentário feito por Leitão, chamado "Amazônia na Encruzilhada", irá ao ar no dia 24 de julho. A repórter gastou a sola da bota —quase de modo literal— nas cidades paraenses de Belém, Marabá e São Félix do Xingu (segunda maior emissora de gases-estufa no país e lar do maior rebanho bovino brasileiro).

Ao mesmo tempo em que os problemas na floresta ficaram claros para os jornalistas, a resistência também se destacou. A jornalista cita a reação de mulheres produtoras de polpa de fruta contra grandes fazendeiros, que, com o uso de agrotóxicos, acabam por prejudicar o trabalho das propriedades vizinhas.

O pacote ambiental de reportagens especiais da GloboNews se completa com uma produção de André Trigueiro, que deve ir ao ar em agosto, ainda sem uma data definida.

As filmagens, com início previsto para o dia 20 deste mês, devem abordar a degradação do solo, apontando soluções como a agricultura regenerativa e outras ideias ligadas à pecuária. Para isso, o jornalista deve visitar fazendas no Centro-Oeste e no Sudeste. Trigueiro também abordará a crise hídrica e irá observar como a recuperação de nascentes é uma solução possível.

Pelas Estradas do Brasil - Amazônia

  • Quando Episódio 2 - próximo domingo (19), às 21h30
  • Onde GloboNews ou através de assinatura do Globoplay

Amazônia na Encruzilhada

  • Quando 24 de julho
  • Onde GloboNews ou através de assinatura do Globoplay
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