A onda de calor que atingiu o Reino Unido na semana passada se tornou pelo menos dez vezes mais provável por causa da mudança climática, informaram cientistas nesta quinta-feira (28).
Em 19 de julho, as temperaturas passaram de 40º C no aeroporto de Heathrow e quebraram recordes em 46 estações de monitoramento locais em todo o país. As chamadas de emergência para ambulâncias dispararam e houve uma série de incêndios no capim nos arredores de Londres.
Sem a mudança climática causada pelo homem, que aqueceu o mundo em 1,2° C acima das temperaturas pré-industriais, tal acontecimento teria sido extremamente improvável, disseram cientistas.
"Estamos vivendo em um mundo onde as temperaturas estão subindo muito rápido", disse Friederike Otto, cientista climático do Imperial College London. "Com [aumentos de] 1,3º C ou 1,4º C, esse tipo de evento será muito menos raro."
As mudanças climáticas estão tornando as ondas de calor mais frequentes e mais severas, de acordo com a World Weather Attribution (WWA), uma colaboração internacional de pesquisadores que revela o papel das mudanças climáticas em eventos extremos.
Para determinar como as mudanças climáticas influenciaram as chances dessa onda de calor específica na Grã-Bretanha, 21 cientistas climáticos da WWA, incluindo Otto, realizaram uma análise rápida do evento usando dados climáticos e simulações de computador para comparar o clima de hoje com o do passado.
Antes da revolução industrial e do aumento das emissões que aquecem o planeta, eles descobriram que seria muito menos provável a ocorrência da onda de calor, e ela teria sido 4° C mais fria.
No entanto, os cientistas acrescentaram que suas estimativas são conservadoras, já que as temperaturas extremas na Europa Ocidental aumentaram mais do que nas simulações de seus modelos climáticos.
"Os modelos climáticos têm um viés sistemático, pois subestimam a tendência de temperaturas extremas nos verões na Europa Ocidental devido à mudança climática", disse Otto.
Em maio, a WWA afirmou que a onda de calor no sul da Ásia em março e abril deste ano havia se tornado 30 vezes mais provável devido às mudanças climáticas, enquanto a onda de calor do ano passado no noroeste do Pacífico teria sido "praticamente impossível" sem ela.
Os cientistas não conseguiram fazer uma declaração tão definitiva sobre a onda de calor da Grã-Bretanha.
Ainda assim, os cientistas climáticos expressaram alarme sobre a rapidez com que os avisos anteriores estão se concretizando.
"Dois anos atrás, cientistas do Met Office do Reino Unido concluíram que a probabilidade de fazer 40º C no Reino Unido é agora de 1 em 100 em qualquer ano, contra 1 em 1.000 no clima natural", disse Fraser Lott, cientista climático no Centro Hadley do Met Office do Reino Unido, em um comunicado. "Tem sido preocupante ver um evento como esse ocorrer tão cedo após esse estudo."
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