Descrição de chapéu mudança climática

Reino Unido registra recorde histórico de temperatura do país, com 40,3°C

Serviço de meteorologia diz que cifra ainda será confirmada; Europa sofre com efeitos da emergência climática

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Londres | Reuters

Em meio à onda de calor que afeta a Europa, o Reino Unido registrou a temperatura de 40,3°C nesta terça-feira (19), no vilarejo de Coningsby, segundo o serviço nacional de meteorologia. O recorde representa ainda a primeira vez que os termômetros superaram a marca de 40°C no país.

Desde as primeiras horas do dia as medições iniciais indicavam que a marca histórica vigente até então —os 38,7°C vistos em Cambridge há três anos— seria superada. Primeiro, Surrey chegou aos 39,1°C; horas depois, o aeroporto Heathrow, em Londres, bateu 40,2°C; ao fim do dia, veio o número de Coningsby. Todas as temperaturas estão pendentes de confirmação pelo Met Office, que informou que ao menos 34 locais excederam a cifra de 2019.

Especialistas projetavam que o Reino Unido, que não tem infraestrutura para esse tipo de clima, poderia atingir até 42°C nessa onda de calor que assola o continente.

Mulher caminha por rua de Londres durante onda de calor em toda a Europa - Henry Nicholls - 19.jul.22/Reuters

Os britânicos enfrentaram ainda aquela que deve ser a noite mais quente de sua história. Entre o fim da segunda-feira (18) e a madrugada desta terça, os termômetros marcaram 25°C em porções do país, superando a máxima noturna anterior, de 23,9°C, em 1990.

Desde segunda Londres havia acionado o nível de alerta 4, que indica que o calor pode ter impactos além da saúde das pessoas, com consequências para os sistemas de transporte. Nesta terça, diversas viagens de trem a partir da capital foram canceladas, e fotos em redes sociais mostraram trilhos encurvados e retorcidos por causa do calor. Nas estações, as imagens eram de filas e gente buscando refúgio do sol.​

O secretário dos Transportes, Grant Shapps, disse que serão necessários muitos anos até que o país consiga modificar sua infraestrutura por completo para lidar com temperaturas mais altas. "Grande parte do sistema foi erguida desde a era vitoriana e não suporta esse tipo de clima", disse à rede BBC.

Em meio ao estado de emergência nacional, um incêndio de grandes proporções atingiu Wennington, a leste de Londres, destruindo muitos imóveis. A fumaça pôde ser vista sobre o rio Tâmisa, e moradores da região foram removidos de casa por segurança.

O prefeito da capital, Sadiq Khan, disse que o corpo de bombeiros local passou o dia sob imensa pressão. Em um dia normal, a corporação atende de 300 a 350 chamados, mas nesta terça foram realizados mais de 1.600. O serviço de ambulâncias também ficou sobrecarregado, reportando um aumento no número de pessoas relatando dificuldade para respirar, tonturas e desmaios.

Enquanto parte da população tentava aplacar o calor apelando para atividades de lazer, Khan precisou pedir no Twitter para que se evitassem churrascos na grama ou em balcões de madeira e que, nos parques, não se deixasse vidro ou bitucas de cigarro no chão, a fim de evitar novos incêndios.

O político ainda destacou que a administração local tomou medidas "para ajudar aqueles forçados a dormir nas ruas", mas analistas dizem que não há abrigos ou centros de acolhida suficientes na cidade, especialmente depois que a pandemia de Covid-19 impactou o financiamento desses locais.

O premiê Boris Johnson agradeceu aos serviços de emergência por "manterem os britânicos a salvo nesse dia ardente".

Em outras partes do Reino Unido, recordes de temperatura também foram batidos: na Escócia, os 34,8°C em Charterhall superaram o pico anterior de 32,9°C registrado em 2003. No País de Gales, a marca história de 35,3°C foi atingida na segunda, nos arredores de Aberystwyth.

Penny Endersby, diretora do serviço de meteorologia britânico, citou à BBC estudos segundo os quais, sem a crise climática, inexistiriam chances de a temperatura no Reino Unido chegar à casa dos 40°C. Ela acrescentou que, ao final deste século, o fenômeno poderá ser esperado novamente —uma vez a cada três anos ou a cada 15, "a depender das decisões que tomarmos a partir de agora".

Em outras partes da Europa, a onda de calor também continou a causar estragos. Recordes de temperatura eram esperados para partes da Bélgica e da Alemanha, e locais mais ao sul, como Espanha e Portugal seguiram sofrendo com incêndios florestais severos.

Na Itália, um deles começou na noite de segunda nas colinas de Massarosa, na Toscana, e, com a força dos ventos, queimaram mais de 365 hectares em questão de horas. Outros chegaram a áreas próximas a Roma, Milão e Trieste. Moradores de uma região montanhosa próxima a Atenas, na Grécia, foram retirados de casa por causa do fogo.

No sudoeste da França, as autoridades dizem que os incêndios atuais já constituem o pior quadro em 30 anos. Na região de Bordeaux, 19,3 mil hectares de mata já foram destruídos, com 34 mil pessoas sendo encaminhadas a abrigos.

Em Portugal, a preocupação é com a estatística chamada de mortes em excesso. Segundo as autoridades de saúde locais, ao menos 1.063 óbitos a mais do que o normal foram registrados entre os dias 7 e 18 e podem ter relação direta ou indireta com a onda de calor.​

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