Lula irá à COP27 a convite de Helder Barbalho, governador do Pará

Gleisi Hoffmann confirma ida do presidente eleito à conferência da ONU sobre mudanças climáticas

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São Paulo

O presidente eleito Lula (PT) irá à COP27, a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas, junto à comitiva dos governadores da Amazônia. A confirmação da viagem foi dada nesta terça-feira (1º) por Gleisi Hoffmann, presidente do PT.

Lula foi convidado à viagem ao evento no Egito pelo governador reeleito do Pará Helder Barbalho (MDB). O convite foi revelado em reportagem do jornal Valor Econômico na segunda (31).

O governador do Pará conversou com o presidente eleito ainda durante o final de semana, antes do segundo turno. No começo desta semana, houve um novo contato entre as equipes de Lula e de Barbalho para detalhamento de agenda.

A COP27 ocorrerá a partir do próximo domingo (6) em Sharm el-Sheikh, no Egito. O encontro se estende até o dia 18 —o início das conferências costuma contar com a presença de chefes de Estado e de governo. A ida de Lula está prevista para a segunda semana de evento, para os dias 15 e 16.

Lula e Alckmin tiram foto em frente a uma bandeira do Brasil
O presidente eleito Lula (PT), ao lado do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) - Nelson Almeida/AFP

O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, após parabenizar Lula pela vitória na eleição, em nota, também o convidou a participar da COP27.

Os governadores da Amazônia, grupo que encabeça o convite a Lula, criaram o Consórcio da Amazônia Legal no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL). Com a iniciativa, puderam contornar o governo federal para buscar verbas internacionais. O consórcio já esteve presente, por exemplo, na COP26, em Glasgow, no Reino Unido, no ano passado.

Neste ano, pela primeira vez, o grupo deve ter um estande montado na conferência. A ideia é que o espaço receba convidados e seja um local para articular parcerias —para além dos estandes mantidos pelo governo federal e pela sociedade civil organizada.

A postura de Lula, ao confirmar ida à conferência, opõe-se ao que foi visto durante o governo Bolsonaro. Além de não ir às COPs —apesar do tradicional papel que o Brasil tinha na política climática—, Bolsonaro, recém-eleito à época, ainda pediu para que a COP25, em 2019, não ocorresse no Brasil, como era previsto. O evento aconteceu em Madri, na Espanha.

Bolsonaro, desde o início de seu governo, critica ações ambientais e ONGs. Com o início de seu mandato, viu-se uma explosão de desmatamento, crescentes críticas internacionais e até mesmo mal-estar entre nações, considerando ataques de Bolsonaro a outros líderes e a pressão econômica associada à crescente destruição da Amazônia.

Assim, desde então, o Brasil acabou perdendo espaço nas discussões climáticas globais.

A COP27 deve ser uma das primeiras viagens internacionais do presidente desde a eleição. Antes do Egito, ir à Argentina está entre os planos de Lula.

Antes da confirmação da ida de Lula ao Egito, o novo governo já havia dito que mandaria representantes à COP27. A informação foi dada por Marina Silva, que foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e é apoiadora na atual campanha.

Apontada por aliados de Lula como o nome mais forte para o Ministério do Meio Ambiente ou para a autoridade contra riscos climáticos, a ser criada, Marina Silva participará da conferência. Se convidada para o cargo, deverá viajar ao Egito na condição de futura ministra.

A importância da questão climática —que, no Brasil, está diretamente associada ao desmatamento e à pecuária— foi destacada no discurso de vitória de Lula neste domingo (30).

"O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta amazônica", disse. "Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia. O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva."

Em seu discurso, Lula também prometeu a retomada do monitoramento da Amazônia, combate a atividades ilegais e desenvolvimento sustentável para a região.

Após a confirmação da eleição de Lula, o ministro do Meio Ambiente da Noruega declarou a possibilidade da retomada do Fundo Amazônia, que foi paralisado por Bolsonaro e Ricardo Salles (ex-ministro do Meio Ambiente) após extinção de conselhos e tentativa do governo Bolsonaro de ter maior peso na governança do fundo.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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