A Europa é o continente que registra o ritmo de aquecimento mais acelerado devido às mudanças climáticas no mundo. Sua temperatura média já é 2,3°C superior à da era pré-industrial.
"A Europa é a região do mundo que está aquecendo mais rapidamente", alertou o professor Petteri Taalas, secretário-geral da OMM (Organização Meteorológica Mundial), citado num relatório publicado pela ONU e pelo programa europeu Copernicus nesta segunda-feira (19).
O planeta inteiro registrou aquecimento de quase 1,2°C devido às emissões de gases de efeito estufa, o que significa que, do Estreito de Gibraltar aos Urais, o ritmo de aquecimento é duas vezes mais rápido.
A OMM havia anunciado em novembro que a Europa registrava aquecimento ao ritmo de +0,5°C grau por década, ou seja, duas vezes mais rápido que a média do restante das cinco regiões meteorológicas mundiais.
Na maior parte da Europa, "as temperaturas elevadas exacerbaram as secas intensas e violentas, alimentadas por violentos incêndios florestais, responsáveis pela segunda maior superfície queimada já medida no continente até hoje", disse Taalas.
Segundo a base de dados da OMM, os fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos na Europa em 2022 afetaram diretamente 156 mil pessoas e causaram 16.365 mortes, quase exclusivamente devido a ondas de calor.
Quarto ano consecutivo de seca
Os prejuízos econômicos, principalmente relacionados a enchentes e tempestades, foram estimados em cerca de US$ 2 bilhões em 2022 (R$ 10,4 bilhões, na cotação à época), longe dos US$ 50 bilhões de 2021 (R$ 279 bilhões de reais, também na cotação do período), quando foram registradas enchentes excepcionais.
O termômetro foi subindo e as chuvas ficaram abaixo do normal em grande parte do continente.
"Este é o quarto ano consecutivo de seca na península Ibérica e o terceiro nas regiões montanhosas dos Alpes e dos Pirineus", explica o relatório.
A França sofreu a pior seca já registrada desde 1976 entre janeiro e setembro, e o Reino Unido teve o período mais seco entre janeiro e agosto.
As geleiras alpinas sofreram "uma perda de massa recorde em um ano, devido à pouca neve durante o inverno, a um verão muito quente e à chegada da poeira do Saara".
Desde 1997, as geleiras europeias perderam cerca de 880 km3 de gelo.
A temperatura média da superfície do mar no Atlântico Norte foi a mais quente já registrada.
O ano de 2022 "infelizmente não é um caso único ou uma anomalia climática", comentou Carlo Buontempo, diretor do Observatório da Mudança Climática Copernicus (C3S) da União Europeia.
O ano "fez parte de uma tendência que tornará os episódios extremos de estresse térmico mais frequentes e intensos", acrescentou o texto.
Em 2021, o ano mais recente com uma série completa de dados, a concentração dos três principais gases do efeito estufa (carbono, metano e óxido de nitrogênio) atingiu níveis recordes. Essas emissões continuaram aumentando em 2022, de acordo com dados parciais.
Os únicos dados promissores neste relatório sombrio são das energias solar e eólica, que juntas, pela primeira vez, produziram mais eletricidade (22,3%) do que o gás de origem fóssil (20%) e o carvão (16%).
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