Milhares de peixes mortos chegam à costa do Golfo, no Texas

Más condições, incluindo as altas temperaturas, privaram os peixes de oxigênio

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Chris Cameron
The New York Times

Milhares de peixes mortos chegaram à praia na costa do Golfo, no Texas (sul dos EUA), desde sexta-feira (9), depois de ficarem sem oxigênio devido à alta temperatura da água, disseram autoridades.

Funcionários do parque do condado de Brazoria afirmaram que um esforço de limpeza está em andamento, mas espera-se a chegada de que mais peixes ao litoral. Fotos publicadas pelo Parque Municipal Quintana Beach, no sábado (10), mostram peixes mortos flutuando nas águas costeiras.

A causa foi uma conjunção "perfeita" de más condições, segundo Bryan Frazier, diretor do Departamento de Parques do Condado de Brazoria.

As autoridades do parque esperam que muito mais peixes mortos cheguem à terra
As autoridades do parque esperam que muito mais peixes mortos cheguem à terra - Patty Brinkmeyer/Departamento de Parques do Condado de Brazoria

"A água morna retém muito menos oxigênio do que a fria. O mar calmo e o céu nublado na área impediram que o oxigênio fosse infundido na água do oceano. As ondas adicionariam oxigênio à água e o céu nublado reduziu a capacidade dos organismos microscópicos de produzir oxigênio por meio da fotossíntese", explica Frazier.

Quando cardumes de peixes ficam presos em águas rasas e mornas, eles podem começar a agir de forma irregular por falta de oxigênio, o que esgota ainda mais o oxigênio na água.

Katie St. Clair, gerente de vida marinha da Universidade A&M em Galveston, no Texas, disse que o aquecimento das águas da costa do Golfo devido às mudanças climáticas pode ter contribuído para a mortandade de peixes.

"Como temos um aumento da temperatura da água, certamente isso pode fazer que ocorram mais eventos como esse", disse St. Clair, "especialmente em nossos ambientes rasos, próximos à costa ou costeiros."

O Serviço Nacional de Meteorologia registrou a temperatura máxima de 33,3°C no condado de Brazoria na sexta, quando foram relatados peixes mortos pela primeira vez na praia.

Frazier acrescentou que tais ocorrências "não são muito raras" nessa região e começam quando a água esquenta durante o verão.

"É um pouco alarmante ver uma onda de peixes mortos chegar à praia", disse Frazier. Mas ele acrescentou que as condições locais do mar melhorariam à medida que as ondas adicionassem oxigênio de volta à água e os peixes nadassem para longe de áreas com pouco oxigênio.

"A ‘Mãe Natureza’ tem uma maneira de equilibrar isso", disse Frazier. "Deve se corrigir aqui num futuro bem próximo."

Um relatório da ONU concluiu em 2019 que o aquecimento da água oceânica aumentou a incidência de hipóxia —baixos níveis de oxigênio— nas águas costeiras, ameaçando as populações de peixes. Um dos autores do relatório disse na época que a perda de oxigênio e outros efeitos do aquecimento global "criariam uma enorme pressão" na região da costa do Golfo no futuro.

Além de casos localizados de hipóxia, sabe-se que uma grande "zona morta" de água, que abrange milhares de quilômetros quadrados, se forma no Golfo do México durante os meses de verão.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA previu na segunda-feira (12) que essa zona morta seria menor do que o normal este ano, cobrindo quase 11 mil quilômetros quadrados de águas costeiras.

St. Clair disse que a mortandade de peixes pode ter um impacto ambiental significativo, porque os peixes mortos –principalmente sardinhas e arenques– desempenham um "papel crítico" no ecossistema do Golfo.

"Você poderá ver impactos em cascata se continuarmos a ter essa grande mortandade de peixes", disse ela.

Os peixes começaram a chegar à praia no condado de Brazoria, cerca de 104 km ao sul de Houston, na manhã de sexta-feira (9), disse Frazier, e equipes do parque foram rapidamente enviadas para retirá-los e enterrá-los antes que começassem a apodrecer ao calor do meio-dia.

"Precisamos removê-los rapidamente", disse Frazier. "Não demora muito para que eles produzam mau cheiro num calor de mais de 30 graus."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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