Amazônia não pode ser vista apenas como santuário ecológico, diz Lula, que volta a criticar países ricos

Presidente participou de reunião científica na Colômbia sobre conservação da floresta

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Leticia (Colômbia)

O presidente Lula (PT) voltou a fazer críticas à postura de países ricos em relação ao financiamento de ações contra mudanças climáticas, apontou um desconhecimento do restante do mundo sobre a Amazônia e disse que uma floresta tropical não pode ser vista "apenas como um santuário ecológico".

Lula também cobrou recursos e transferência de tecnologia para uma "transição ecológica". "[Essa transição] não pode se basear na exploração predatória dos recursos naturais nem justificar novos protecionismos. Em suma, não pode servir de fachada para o neocolonialismo. A descarbonização não deve aprofundar a desigualdade entre os países", disse o presidente.

presidentes lula à esquerda e petro à direita, estão sentados, em reunião, usam fones de ouvido e vestem camisas brancas
Lula e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em reunião em Leticia; presidente brasileiro disse que floresta não pode ser vista apenas como santuário ecológico - Presidência da Colômbia/via Reuters

O chefe do Executivo brasileiro esteve neste sábado (8) em Leticia, cidade da Colômbia colada em Tabatinga (AM), na região do alto rio Solimões. Ele participou do encerramento da reunião técnico-científica da Amazônia, a convite do presidente da Colômbia, Gustavo Petro.

Os dois presidentes fizeram uma reunião bilateral e participaram de uma plenária com representantes da sociedade civil, quando ouviram sugestões sobre ações para conservação da Amazônia.

Lula estava acompanhado da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira; do assessor especial Celso Amorim; e da mulher, Janja.

Além da reunião científica, Leticia sediou ao mesmo tempo um encontro para negociações diplomáticas sobre um acordo de proteção da Amazônia.

As propostas foram discutidas por representantes diplomáticos dos oito países que integram a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica): Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname, Equador e Bolívia.

Os representantes diplomáticos negociaram a declaração conjunta a ser adotada na Cúpula da Amazônia, prevista para ocorrer em 8 e 9 de agosto, em Belém. A cúpula deve reunir os presidentes dos países da OTCA.

No discurso lido por Lula, o presidente afirmou que a COP30, conferência sobre mudanças climáticas da ONU, será uma "oportunidade valiosa para que o mundo conheça a verdadeira Amazônia". Belém sediará o evento em 2025.

"Muita gente não imagina que a maior parte da população amazônica é urbana. Das 26 milhões de pessoas que vivem na Amazônia brasileira, 12 milhões estão em cidades com mais de 100 mil habitantes. Essas pessoas necessitam de infraestrutura adequada, de educação", disse o petista.

"A floresta tropical não pode ser vista apenas como um santuário ecológico. O mundo precisa se preocupar com o direito a viver bem dos habitantes da Amazônia, afinal o desenvolvimento sustentável possui três dimensões inseparáveis: a economia, a social e a ambiental", afirmou.

Lula voltou a criticar países ricos que não cumprem a promessa de financiamento de ações contra as mudanças climáticas, um discurso recorrente do presidente desde o início de seu terceiro mandato.

"Foram eles [os países ricos] que emitiram historicamente a maior parte dos gases de efeito estufa. Quem tem as maiores reservas florestais e a maior biodiversidade merece maior representatividade", disse.

Lula também criticou uma falta de representatividade de países amazônicos –como Brasil, Colômbia e Equador– em mecanismos internacionais de financiamento, como o Fundo Global para o Meio Ambiente, oriundo do Banco Mundial.

"Brasil, Colômbia e Equador são obrigados a dividirem uma cadeira do fundo, enquanto países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália e Suécia, ocupam cada um uma cadeira. A governança global precisa mudar e ser reformada", afirmou.

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