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Relógio no Cristo Redentor marca prazo apertado para frear as mudanças climáticas

Ação chega ao Brasil pela primeira vez e marca menos de 6 anos para evitar piores cenários de aquecimento do planeta

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São Paulo

Enquanto o mundo passa por uma onda de calor excepcional e sucessivos ciclones castigam o Brasil, um relógio projetado neste sábado (22) no Cristo Redentor marca um prazo apertado: 5 anos e 364 dias.

É esse o limite para que sejam adotados cortes substanciais de emissões de gases-estufa para evitar os piores cenários das mudanças climáticas.

Cristo Redentor é iluminado com contagem regressiva para frear as mudanças climáticas. Relógio marca 5 anos e 364 dias
Projeção do Relógio do Clima no Cristo Redentor, no Corcovado, neste sábado (22). É a primeira vez que o relógio, que já passou por várias cidades do mundo, é projetado no Brasil - Eduardo Anizelli/Folhapress

A ação do Relógio do Clima chega ao país pela primeira vez neste ano e já passou por várias grandes cidades, como Londres, Roma, Seul, Tóquio e Pequim. O mais antigo fica na Union Square, em Nova York, e foi instalado em 21 de setembro de 2020. À época, a contagem regressiva marcava 7 anos e 102 dias para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

"Esse é o limiar crítico, o ponto além do qual as consequências serão catastróficas para a natureza e a humanidade", explica Natalie Unterstell, presidente Instituto Talanoa, voltado à regulação e a riscos climáticos, que encabeça a campanha no Brasil.

Ela explica que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), vinculado à ONU (Organização das Nações Unidas), calculou que a atmosfera poderia absorver, desde 2020, cerca de 400 gigatoneladas (Gt) de CO2 e para que possamos permanecer abaixo do limite seguro de 1,5°C de aumento na temperatura mundial.

"Com emissões atuais de CO2 estimadas em 42.2 Gt por ano –equivalente a 1.337 toneladas por segundo– em um nível constante, esse "orçamento de carbono" será esgotado em menos de seis anos a partir de agora. Já o orçamento para ficar abaixo do limite de 2°C, de 1.150 Gt, seria exaurido em cerca de 23 anos e 9 meses", afirma.

Relógio do Clima em prédio espelhado na Union Square, em Nova York (EUA), marcava, em luzes vermelhas, prazo de sete anos em 22 de julho de 2022
Relógio do Clima na Union Square, em Nova York (EUA), marcava prazo de sete anos em 22 de julho de 2022 - Timothy A. Clary/AFP

Os dados que embasam o prazo são produzidos pelo Instituto Mercator de Pesquisa em Bens Comuns Globais e Mudanças Climáticas. A taxa média anual de 42,2 Gt de emissões de carbono é a base usada para calcular o tempo restante no relógio.

Mas, se as emissões globais seguirem crescendo, o "orçamento de carbono" disponível vai esgotar ainda mais rápido.

"Se reduzirmos a taxa de emissões globais de carbono, o tempo no relógio teoricamente começaria a aumentar", diz Unterstell. "A mensagem é clara: é tarde e não temos tempo a perder."

Ações de protesto também acontecem em outras cidades neste 22 de julho. A data foi batizada por ativistas de Dia da Emergência Climática.

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