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Mudanças no clima aumentam em 25% riscos de incêndios florestais extremos

Novo estudo aponta que perigo pode crescer em até 172% em cenário de altas emissões de carbono

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Roland Lloyd Parry
AFP

As mudanças climáticas aumentam exponencialmente os riscos de incêndios florestais de rápida propagação. É o que mostra um estudo publicado nesta quarta-feira (30), com novas pistas para a prevenção após as recentes catástrofes ocorridas em Canadá, Grécia e Havaí.

O aquecimento causado pelo homem aumentou em 25%, em média, a frequência dos incêndios florestais extremos em comparação à era pré-industrial, concluiu esse estudo publicado na revista Nature pelo Breakthrough Institute, da Califórnia.

Ao examinar uma série de incêndios de 2003 a 2020, os cientistas analisaram o efeito das temperaturas médias mais elevadas e de condições mais secas nos incêndios de propagação muito rápida, ou seja, aqueles que queimam mais de 4.000 hectares por dia.

Bombeiro lança água com uma mangueira em chamas gigantes
Bombeiro combate incêndio perto de Alexandroupoli, na Grécia; país europeu enfrenta maior incêndio registrado em anos no continente - Sakis Mitrolidis - 23.ago.2023/AFP

O efeito das mudanças climáticas varia: sob condições de seca parcial, o aquecimento foi suficiente para exceder os limites-chave de umidade do ar ou da vegetação que tornam os incêndios extremos muito mais prováveis, enquanto o impacto do aquecimento é muito menos nítido em condições já muito secas.

"Isso significa que nós devemos dar mais atenção aos locais e aos períodos que, historicamente, experimentaram condições logo abaixo desses limites", disse à AFP o autor principal do estudo, Patrick Brown.

Queimadas preventivas

O risco pode aumentar em média 59% até o fim do século em um cenário de baixas emissões (+1,8°C de aquecimento em relação ao clima da era pré-industrial), e até 172% em um cenário incontrolável de fortes emissões. O clima já sofreu um aquecimento de 1,2°C.

Segundo Brown, a identificação de limiares-chave de seca pode facilitar as medidas de prevenção, ajudando a escolher os locais prioritários para a derrubada ou a queima controlada da vegetação, a fim de reduzir o combustível seco dos quais os incêndios se alimentam.

"Na maioria das condições, o impacto das reduções de combustíveis perigosos pode compensar totalmente o efeito das mudanças climáticas", diz o especialista, que avalia também que "o risco de incêndio pode diminuir consideravelmente apesar das mudanças climáticas" se essas medidas forem aplicadas em larga escala.

Os resultados também podem ajudar a orientar melhor as campanhas de vigilância e o deslocamento dos meios de combate aos incêndios.

O estudo foi publicado ao final de um verão no hemisfério norte marcado por incêndios que mataram pelo menos 115 pessoas no Havaí e bateram todos os recordes no Canadá, onde 200 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Na Grécia, o maior incêndio florestal já registrado na União Europeia, avança em uma frente de dez quilômetros.

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