Descrição de chapéu mudança climática clima

Atividade humana coloca vida na Terra em 'zona de perigo', diz estudo

Mundo já ultrapassou 6 das 9 fronteiras planetárias, como são chamados os limites seguros para a existência no planeta

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Riham Alkousaa David Stanway
Berlim | Reuters

Os sistemas de suporte à vida na Terra enfrentam riscos e incertezas maiores do que nunca, e a maioria dos principais limites de segurança já foram ultrapassados como resultado de intervenções humanas em todo o planeta, apontou estudo científico divulgado nesta quarta-feira (13).

Em uma espécie de "check-up de saúde" do planeta publicado na revista Science Advances, uma equipe internacional de 29 especialistas concluiu que a Terra atualmente está "bem fora do espaço operacional seguro para a humanidade" devido à atividade humana.

O estudo, que amplia um relatório de 2015, afirma que o mundo já ultrapassou 6 das 9 "fronteiras planetárias" —limites seguros para a vida humana em áreas como a integridade da biosfera, mudanças climáticas e a utilização e disponibilidade de água doce.

Solo visto de perto, com a terra seca e quebrada
Seca no reservatório de Baells, na Catalunha (Espanha), em março deste ano - Nacho Doce - 14.mar.2023/Reuters

Ao todo, afirma o estudo, 8 das 9 fronteiras estão sob pressão maior do que a verificada na avaliação de 2015, aumentando o risco de mudanças dramáticas nas condições de vida da Terra. A camada de ozônio é o único dos quesitos a melhorar.

"Não sabemos se podemos prosperar sob grandes e dramáticas alterações das nossas condições", disse a principal autora do estudo, Katherine Richardson, da Universidade de Copenhague.

Os autores afirmam que cruzar as fronteiras não representa um ponto de inflexão no qual a civilização humana simplesmente entrará em colapso, mas pode trazer mudanças irreversíveis nos sistemas de suporte à vida na Terra.

"Podemos pensar na Terra como um corpo humano e nos limites planetários como a pressão sanguínea. Acima de 120/80 [na medição da pressão sanguínea] não necessariamente indica um ataque cardíaco, mas aumenta o risco", disse Richardson.

Os cientistas soaram o alarme sobre o aumento do desmatamento, o consumo excessivo de plantas como combustível, a proliferação de produtos como o plástico, organismos geneticamente modificados e produtos químicos sintéticos.

Dos nove limites avaliados, apenas a acidificação dos oceanos, a destruição da camada de ozônio e a poluição atmosférica —principalmente com partículas semelhantes à fuligem— foram consideradas ainda dentro de limites seguros. O teto da acidificação dos oceanos, no entanto, está perto de ser ultrapassado.

A concentração atmosférica de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa, aumentou para cerca de 417 ppm (partes por milhão), significativamente superior ao nível seguro de 350 ppm.

Estima-se também que a atual taxa de extinção de espécies seja pelo menos dezenas de vezes mais rápida do que a taxa média dos últimos 10 milhões de anos, o que significa que o planeta já ultrapassou a fronteira segura para a diversidade genética.

"Na minha carreira nunca me baseei em tantas evidências como hoje", disse Johan Rockström, coautor do estudo e diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.