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Mudanças climáticas causaram calor recorde no verão do hemisfério norte, mostra estudo

Metade da população mundial foi exposta a 30 dias ou mais de temperaturas extremas de junho a agosto deste ano

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AFP

Um estudo revelou nesta quinta-feira (7) que as temperaturas recordes que afetaram bilhões de pessoas no hemisfério norte neste verão se deveram, em grande medida, às mudanças climáticas provocadas pelo homem.

O novo estudo, realizado pela organização sem fins lucrativos Climate Central, examina o período de junho a agosto de 2023, e conclui que as emissões de gases de efeito estufa liberadas na atmosfera desde o início da era industrial tornaram muito mais prováveis as ondas de calor que castigaram a Ásia, a África, a Europa e a América do Norte.

Cerca da metade da população mundial —mais de 3,8 bilhões de pessoas— foi exposta a 30 dias ou mais de calor extremo agravado pelas mudanças climáticas, enquanto pelo menos 1,5 bilhão de pessoas suportaram essas temperaturas diariamente durante os três meses.

Relógio de rua marca 50°C; acima há uma cartaz publicitário com uma criança sorrindo e a frase 'serious fun'
Termômetro de rua marcou 50°C em Sevilha, na Espanha, em 24 de agosto - Cristina Quicler - 24.ago.2023/AFP

"Praticamente ninguém na Terra escapou da influência do aquecimento global nos últimos três meses", afirmou Andrew Pershing, vice-presidente científico da Climate Central.

"Em todos os países que pudemos analisar, inclusive no hemisfério sul, onde esta é a época mais fria do ano, vimos temperaturas que seriam difíceis —e, em alguns casos, quase impossíveis— sem as mudanças climáticas provocadas pelo homem. A poluição por carbono é, claramente, responsável pelo calor recorde desta temporada", acrescentou.

A análise se baseou em métodos desenvolvidos por especialistas para determinar a probabilidade de ocorrência de temperaturas diárias em cada país do mundo com e sem os níveis atuais de carbono.

Uma abordagem similar permitiu aos cientistas identificarem a influência climática ou a "impressão digital" de fenômenos meteorológicos extremos, entre eles, recentemente, as condições propensas ao fogo que provocaram os incêndios florestais deste ano em Quebec, no Canadá.

A Climate Central desenvolveu um Índice de Mudanças Climáticas (CSI, na sigla em inglês), que varia de -5 a 5, com níveis positivos indicando temperaturas cada vez mais prováveis em razão das mudanças climáticas.

Um CSI de nível 0 significa que as mudanças climáticas não tiveram nenhuma influência detectável, enquanto o nível 3 indica que triplicaram as probabilidades de registrar uma temperatura específica em um momento e local determinados.

Segundo cálculos da equipe, 48% do planeta experimentaram 30 dias entre junho a agosto com nível CSI 3 ou superior, enquanto 1,5 bilhão de pessoas foram submetidas a esse calor durante todo o verão.

"Realmente existe essa divisão entre os países, os que foram os mais responsáveis pelas mudanças climáticas pelas emissões que está impulsionando o calor que estamos experimentando neste momento", disse Pershing.

Os países menos desenvolvidos ou pequenos Estados insulares estão sofrendo um calor de três a quatro vezes mais intensificado pelo clima do que os países do G20, das maiores economias do mundo.

A exposição global a altas temperaturas atingiu seu ponto máximo em 16 de agosto de 2023, quando 4,2 bilhões de pessoas em todo o mundo experimentaram calor extremo.

Pelas temperaturas já atingidas nestes oito meses do ano, o observatório europeu Copernicus afirmou nesta quarta-feira (6) que 2023 provavelmente será o ano mais quente já registrado. Até agora, a temperatura média do planeta está apenas 0,01°C atrás de 2016, o recorde anterior.

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