Emissões de CO2 cairão apenas 2% até 2030 no ritmo atual, alerta ONU

Taxa contrasta com meta de 43% de redução necessária para cumprir Acordo de Paris

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

AFP e São Paulo

Os atuais compromissos climáticos dos países resultarão em uma redução de apenas 2% das emissões dos gases de efeito estufa até 2030 na comparação com 2019.

O pico das emissões globais deve acontecer ainda nesta década —ou seja, depois desse ponto, as emissões devem começar a cair—, mas, pelo ritmo atual, o resultado está muito distante do corte de 43% recomendado pelos cientistas, advertiu a ONU (Organização das Nações Unidas) em um relatório divulgado nesta terça-feira (14).

O novo informe é a síntese anual dos últimos compromissos de redução de emissões dos países, que são conhecidos como Contribuição Determinada a Nível Nacional (NDC, na sigla em inglês). Essas metas foram assumidas pelos 195 signatários do Acordo de Paris, em 2015.

Na comparação com os índices registrados em 2010, as projeções para 2030 indicam aumento de 9% das emissões globais.

Carros circulam em estrada em meio a densa névoa cinza de poluição
Poluição causada pelas emissões de veículos, fábricas e queimadas agrícolas cobre capital indiana de Nova Delhi - Money Sharma/AFP

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirma que o relatório mostra que um progresso lento nas ambições climáticas não é suficiente e que prazos para zerar as emissões líquidas devem ser acelerados: até 2040 para nações desenvolvidas e até 2050 para as emergentes.

"Os países devem aumentar significativamente a capacidade de energia renovável, eliminar o carvão —até 2030 nos países da OCDE e até 2040 no restante do mundo— e eliminar todos os combustíveis fósseis em conformidade com [a meta de] emissões líquidas globais zero até 2050", disse Guterres.

Simon Stiell, diretor do organismo da ONU para a mudança climática , comentou que o levantamento mostra que a comunidade internacional avança a "pequenos passos para evitar a crise climática" e que precisa "dar passos de gigante na COP28".

A 28ª conferência sobre a mudança climática da ONU, que acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, "deve ser uma guinada decisiva", afirmou Stiell.

A cúpula dos Emirados Árabes deve estabelecer a primeira avaliação oficial (chamada de "global stocktake") e as primeiras correções das NDCs.

Na COP26, que aconteceu em 2021, na Escócia, os signatários do acordo se comprometeram a revisar as NDC anualmente, e não a cada cinco anos, mas poucos países seguiram o acordado.

Levando em consideração as 20 novas NDCs revisadas, que foram apresentadas até o fim de setembro, o relatório mostra que embora as emissões não aumentem após 2030 na comparação com os níveis de 2019, ainda não mostram a tendência de queda rápida que a ciência considera necessária para frear os piores efeitos da crise do clima.

O Acordo de Paris estabelece a meta de manter o aquecimento global "bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C". O período industrial é considerado o início da exploração massiva de combustíveis fósseis, os principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa.

Para alcançar 1,5°C, no entanto, as emissões globais devem ser reduzidas em 43% até 2030 na comparação com os níveis de 2019, segundo o relatório mais recente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), vinculado à ONU e elaborado por especialistas do mundo todo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.