Em reunião neste sábado (11), o MMA (Ministério do Meio Ambiente) prometeu apoio ao governo de Mato Grosso para enfrentar focos de incêndio no Pantanal, que se intensificaram em novembro e ameaçam novamente o Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio de onças pintadas devastado pelo fogo em 2020.
O MMA enviará 43 novos brigadistas e dois helicópteros ao estado, que já tinha 47 brigadistas e uma aeronave do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). O estado pediu ainda ajuda do Exército, para melhorar a estrutura logística na região atingida.
Até esta sexta-feira (10), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrava 1.550 focos de incêndio no bioma apenas em novembro, número quase oito vezes superior ao registrado no mesmo mês de 2022.
Em outubro, a situação já era alarmante, com 1.157 focos registrados. No acumulado do ano, com 3.843 focos, o número de incêndios da região fica bem acima de 2022, mas abaixo do triênio 2019 a 2021, quando foram registrados entre 10.025, 22.116 e 8.258 focos, respectivamente.
"Estamos com cerca de 60 militares espalhados na região, mas temos a preocupação com a logística para manter esses e os novos brigadistas que serão enviados para o local", afirmou, durante a reunião deste sábado, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do estado, coronel Alessandro Borges.
"Precisamos do apoio do governo federal, via Exército, para montar um grande acampamento. É um ponto importante para que possamos ter mais segurança para os nossos combatentes e mais eficiência nas nossas ações", afirmou.
"O Pantanal sempre foi uma preocupação", disse a ministra da pasta, Marina Silva, segundo nota enviada pelo governo estadual. "Quando o fogo começa, temos que trabalhar conjuntamente, e nós estamos à inteira disposição para essa parceria com o Estado, inclusive para o aporte de recursos."
Segundo projeção do ICV (Instituto Centro de Vida), as chamas já consumiram uma área equivalente a 22% do Parque Nacional Encontro das Águas, que ainda se recupera dos incêndios que afetaram cerca de 90% de sua área em 2020.
No Parque Nacional do Pantanal, 16% da área teria sido atingida até a quarta-feira (8), última atualização feita pelo instituto, que trabalha com dados do Inpe e de outros satélites. Na reserva Estância Dorochê, 68% da área já teria sido afetada.
O sistema de monitoramento do Instituto Homem Pantaneiro detectou uma enorme nuvem de fumaça originada dos incêndios em Corumbá (MS). A nuvem foi captada por uma câmera instalada a quase mil metros de altitude na Serra do Amolar.
"Estamos recebendo recados da natureza, são mensagens assustadoras, que devem chamar nossa atenção", disse o presidente do instituto, Ângelo Rabelo. Para ele, a crise climática demanda uma nova abordagem na prevenção e combate aos incêndios.
"Vamos ter que rever toda a ação de planejamento independentemente dos limites geográficos [de cada área afetada]. Ações isoladas não contribuem para assegurar a prevenção", completou.
Em 2020, segundo estudo liderado por cientistas do Inpe, cerca de 30% do bioma pantanal foi atingido por incêndios. Quase metade da população de onças-pintadas da região foi afetada diretamente, indicou outro estudo feito por cientistas brasileiros.
Na quinta (9), o governo de Mato Grosso prorrogou até 30 de novembro o período proibitivo para queimadas no estado, diante das condições climáticas favoráveis às ocorrências de incêndios.
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