Consumo mundial de carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, bate recorde em 2023

Segundo a Agência Internacional de Energia, 8,53 bilhões de toneladas foram queimadas neste ano

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Isabel Malsang
AFP

O consumo de carvão no mundo bateu recorde em 2023, com 8,53 bilhões de toneladas queimadas deste combustível fóssil, anunciou nesta sexta-feira (15) a AIE (Agência Internacional de Energia), dois dias após o fim da COP28.

Apesar do compromisso assumido pelos países participantes na conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas) em Dubai de fazer uma transição das energias fósseis, o ano de 2023 superou o recorde que havia sido estabelecido em 2022, segundo o relatório da AIE.

Os números coincidem com o fato de que 2023 será o ano mais quente já registrado, superando o recorde anterior, de 2016, como alertou o observatório europeu Copernicus no início de novembro.

Trabalhadores carregam caminhão com carvão produzido em mina no Afeganistão
Trabalhadores carregam caminhão com carvão produzido em mina no Afeganistão - Wakil Kohsar - 03.out.2023 / AFP

A combustão do carvão, tanto para produzir energia como para o funcionamento das indústrias, é responsável por boa parte das emissões de dióxido de carbono (CO2). Este é o mais poluente dos combustíveis fósseis e o objetivo de reduzir a produção mundial consta em compromissos assumidos pelos países desde a COP26, em 2021.

A AIE destaca a tendência de alta do consumo na China, com aumento de 220 milhões de toneladas (4,9%) na comparação com o ano passado, e na Índia, com avanço de 98 milhões de toneladas (8%). Também foram queimadas 23 milhões de toneladas a mais na Indonésia, o que representou um aumento de 11%, segundo o relatório.

Ao mesmo tempo, o uso diminuiu consideravelmente na Europa, com 107 milhões de toneladas a menos (-23%), e nos Estados Unidos, com uma redução de 95 milhões de toneladas (-21%). O fechamento das centrais de carvão e o menor peso da indústria favoreceram a tendência nas duas regiões.

Na Alemanha, por exemplo, a maioria das centrais devem fechar durante os próximos três anos e o país substituirá as unidades por centrais eólicas ou solares. Já a França deseja fechar sua última central de energia elétrica alimentada por carvão em 2027.

A AIE admite a dificuldade de fazer previsões certeiras sobre a Rússia, quarto maior consumidor de carvão, devido à guerra na Ucrânia.

Pico em 2023

Segundo a agência, os níveis de 2023 representarão um pico no consumo de carvão, que diminuirá a partir de 2024.

É projetado um avanço das energias renováveis (como eólica e solar) em todo o planeta para "levar o consumo mundial de carvão a uma trajetória descendente". Apesar disso, a agência não prevê uma redução de seu uso na indústria.

Barcaças com montanhas de carvão fazem fila para serem puxadas ao longo de rio
Barcaças de carvão fazem fila para serem puxadas ao longo do rio Mahakam, na Indonésia - Willy Kurniawan/Reuters

Alguns países, como a Indonésia, registram situações paradoxais, como o aumento do consumo de carvão devido ao boom da extração de níquel para a fabricação de baterias para os carros elétricos.

A China, no entanto, continua sendo de longe quem mais utiliza o carvão, com 54% do consumo mundial. A agência prevê uma redução do consumo no país durante os próximos dois anos e que a Índia assuma a liderança no uso do carvão a partir de 2026.

A AIE foi fundada em 1974 no âmbito da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos).

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