COP em Belém deve ter hangar com capacidade para Air Force One e aeroporto rotativo

Organização quer ampliar áreas VIP da base aérea da capital paraense e usar aeroportos próximos

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Brasília

A organização da COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas) que acontecerá no Brasil em 2025, planeja ampliar a base aérea de Belém para que ela tenha capacidade de receber as aeronaves dos principais chefes de estado do mundo.

A ideia é ampliar a sala VIP e o hangar da base, para dar a ela condições de receber aeronaves como o Boeing 747 usado pelo presidente chinês, Xi Jinping, o Ilyushin Il russo, de Vladmir Putin, ou mesmo o Air Force One, dos Estados Unidos.

Aviões de autoridades de menor escalão ou de países com menos exigências terão procedimento diferente.

Grande avião azul e branco voa no céu
O Air Force One, avião presidencial americano, durante viagem do presidente Joe Biden para as comemorações dos 80 anos do Dia D, em junho. - Julien de Rosa - 5.jun.24/Reuters

O plano para os países com protocolo de segurança menos complexo é fazer uma espécie de rodízio: as aeronaves pousariam em Belém, desembarcariam seus passageiros, reabasteceriam, então levantariam voo para outros aeroportos próximos, como Macapá (AP), onde ficariam estacionadas até o momento do retorno.

Organizadores da COP em Belém —membros do governo federal, estadual e também da gestão municipal— trabalham em soluções para receber o evento na cidade, que tem menor capacidade hoteleira e logística do que outras sedes recentes da conferência.

Como mostrou a Folha em março, as dificuldades logísticas fizeram o governo Lula (PT) cogitar fatiar a reunião e passar parte dos compromissos para cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo.

A ideia, no entanto, não está na mesa neste momento, conforme disseram sob reserva três pessoas envolvidas diretamente nas negociações, em diferentes instâncias.

Neste momento, diz uma delas, o foco é fazer com que seja possível sediar o evento em Belém. Uma série de propostas já foram apresentadas ao presidente Lula.

Também causa apreensão no governo o fato de que o deputado federal e aliado de Jair Bolsonaro (PL) Eder Mauro (PL-PA) liderar pesquisas para prefeitura na capital paraense nas eleições de 2024.

Ele está à frente do atual prefeito, Edmilson Rodrigues (Psol), que no último pleito teve apoio de Lula, e também de Igor Normando (MDB), ex-secretário apoiado pelo atual governador, Helder Barbalho (MDB).

Barbalho se tornou um dos principais aliados de Lula no Brasil —inclusive, cotado para ser vice do petista em 2026—, e a COP é uma das principais bandeiras de ambos.

Mauro, como mostrou a Folha, não esconde ser bolsonarista, pró-garimpo e anticlima, e vê o evento como uma forma de arrecadar fundos para sua possível prefeitura.

Outro ponto que pode mudar o clima da COP é a possível eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

Não só pelo republicano ser um notório negacionista do aquecimento global, mas pela possibilidade dele sequer comparecer ao evento —quando comandou os EUA, ele retirou seu país do Acordo de Paris, principal tratado sobre clima do mundo e base das negociações da conferência.

Atualmente, Trump lidera as pesquisas contra o atual presidente Joe Biden, democrata que em 2020 teve o meio ambiente como uma de suas principais bandeiras.

O desempenho de Biden até aqui, inclusive a má performance no primeiro debate entre os dois, faz com que parte de seu partido defenda que ele saia da corrida e dê lugar a outro candidato.

Independente de quem for o eleito neste ano, a organização da COP negocia a ampliação dos hangares da base aérea para receber o Air Force One —e talvez mais de um, já que eventualmente chefes de Estado viajam com duas ou mais aeronaves iguais, por questões de segurança.

Ter onde estacionar o avião é crucial, uma vez que as exigências de segurança dos Estados Unidos demandam que o presidente nunca fique muito distante do seu meio de transporte, para caso de emergência.

Protocolo semelhante existe em casos de países como China e Rússia, e suas respectivas aeronaves.

Para estacionar esses aviões, que no jargão aeronáutico são chamados do tipo "echo", será necessário ampliar o hangar de estacionamento da base aérea.

Embora ainda não seja possível prever se algum dos líderes dessas superpotências irá a Belém no próximo ano, a avaliação é que a estrutura para recepcioná-los e também para receber outras autoridades que viajam com comitivas numerosas —ou que têm regras de segurança mais complexas— precisa estar pronta.

O número de áreas VIP na base aérea também deve aumentar, de uma para três.

A base aérea de Belém não tem capacidade para estacionar todos os aviões de chefes de Estado e outras autoridades que devem comparecer no evento.

Por isso, aeronaves de países com menor nível de exigência ficarão estacionadas em outros aeroportos próximos, a cerca de duas ou três horas de viagem.

Não está certo quais serão esses locais. Uma das principais possibilidades é Macapá, que fica perto de Belém e cujo aeroporto é administrado pela mesma empresa que gere o da capital paraense.

Os organizadores da COP ainda estudam as melhores alternativas e negociam com as operadoras para fechar qual será a malha necessária para comportar todo o evento.

Chegou-se a estudar a possibilidade de duplicar as pistas de pouso do aeroporto comercial de Belém, para aumentar sua capacidade, mas a opção foi descartada por não haver tempo hábil para a realização da obra.

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