Fotógrafo Lalo de Almeida, da Folha, vence prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo

Jornalista recebe reconhecimento por dedicação a retratar ameaças ao meio ambiente e crises migratórias

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São Paulo

O fotojornalista Lalo de Almeida, da Folha, ganhou o prêmio Maria Moors Cabot, da Faculdade de Jornalismo da Universidade Columbia (EUA), por seus mais de 30 anos de carreira e dedicação a retratar ameaças ao meio ambiente e crises migratórias.

Nesta edição, outros três jornalistas receberam a distinção, que é uma das mais reconhecidas no mundo e premia trabalhos de destaque na América Latina e no Caribe.

A imagem mostra um homem de meia-idade com cabelos grisalhos e óculos, vestindo uma camisa azul, sorrindo para a câmera. Ele está em uma galeria de arte, com uma obra de arte desfocada ao fundo e outras pessoas ao redor.
Fotojornalista Lalo de Almeida na abertura da exposição "Água Pantanal Fogo", no Instituto Tomie Ohtake - Mathilde Missioneiro - 2.mai.2024/Folhapress

"Este é um momento verdadeiramente importante para o jornalismo e a sociedade civil nas Américas, com o crescente autoritarismo, desinformação cada vez mais sofisticada e o crescimento desenfreado de organizações criminosas", disse em um comunicado o presidente do conselho da premiação, Rosental Alves. "Os homenageados da Cabot em 2024 nos inspiram com seu importante trabalho nessas questões e muitas mais."

Lalo afirma ser uma alegria muito grande ter este reconhecimento pela carreira que construiu até aqui.

"Sabemos que o trabalho do jornalista é muito mais do que um meio para sobreviver, há um envolvimento emocional muito grande –e até físico", conta. "São 30 anos desse trabalho, tentando trazer para as pessoas essas coisas que mexem comigo, que me indignam".

O fotógrafo assina coberturas marcantes da Folha, em parceria com repórteres do jornal. Entre elas estão a seca na amazônia em 2023 e os incêndios recordes no pantanal em 2020, pelas quais foi reconhecido no World Press Photo, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo; e o projeto "Um Mundo de Muros", de 2017, vencedor do Grande Prêmio Petrobras de Jornalismo, o principal do país.

Lalo estudou fotografia no Instituto Europeo di Design (Itália), e, em paralelo ao seu trabalho como fotojornalista, produziu projetos documentais, como "O homem e a terra".

No anúncio do prêmio Maria Moors Cabot, foi destacado que as fotografias de Lalo "nos mostram não apenas um mundo que vale a pena salvar, mas também refletem a empatia e o profundo respeito com os quais ele trata as histórias e as pessoas sobre as quais ele volta seu olhar".

"Esse respeito às pessoas é uma condição básica para a gente fazer qualquer coisa, não só jornalismo", avalia ele, que tem como foco do seu trabalho a relação entre seres humanos e ambiente e os impactos dessa interação.

Lalo ressalta, ainda, que a premiação é um reconhecimento do fotojornalismo como parte essencial da reportagem –não apenas um acessório do texto. "Eu fico muito feliz com o fato [do prêmio] reconhecer a fotografia como um instrumento muito importante dentro do jornalismo, uma ferramenta de comunicação muito direta, muito eficiente".

Também da Folha, Otavio Frias Filho, diretor de Redação (1957-2018), Clóvis Rossi (1943-2019) e Patrícia Campos Mello receberam esse prêmio por sua atuação. Os jornalistas Gilberto Dimenstein (1956-2020), Ricardo Arnt e Carlos Eduardo Lins da Silva já foram lembrados em menção especial.

Outros vencedores

Na edição de 2024, foram premiados, ainda, Carlos Ernesto Martínez, repórter investigativo do jornal El Faro (El Salvador); John Otis, correspondente internacional da rádio NPR (EUA) e integrante do Comitê para a Proteção dos Jornalistas; e Frances Robles, repórter investigativa do The New York Times (EUA).

Com mais de duas décadas de carreira, Martínez se consagrou por seu trabalho cobrindo temas como migração, tortura e outras violações de direitos humanos em seu país, além da atuação do crime organizado e de gangues no sistema prisional. Seu sucesso profissional foi alcançado sob circunstâncias extremas, colocando a própria vida em risco.

Otis atua como correspondente na América Latina e Caribe para veículos de comunicação americanos desde 1989, tendo participado de coberturas como a deposição do ditador Manuel Noriega, no Panamá, e se destacando por suas reportagens sobre tráfico de drogas e guerrilhas na Colômbia.

Já Robles foi uma das primeiras a acompanhar o fenômeno dos jovens da América Central em tentativas desesperadas de entrar nos Estados Unidos. Atualmente, tem focado seu trabalho no crescimento do autoritarismo político em lugares como Nicarágua, Venezuela e Cuba.

Além destes, o júri também fez duas citações especiais: para o think tank InSight Crime (Colômbia), que trata do crime organizado e seus impactos no continente; e para Laura Zommer (Argentina), diretora-executiva do portal de checagem de fatos Chequeado e co-fundadora de seu braço americano, Factchequeado.

A cerimônia de premiação acontecerá no dia 8 de outubro, na Universidade Columbia, em Nova York.

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