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World Press Photo destaca trabalho de fotógrafos da Folha

Lalo de Almeida e Gabriela Biló são contemplados na principal premiação global do fotojornalismo

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São Paulo

Um pescador caminha solitário no leito seco do rio Solimões. A imagem captada pelo fotógrafo da Folha Lalo de Almeida durante a seca extrema que atingiu a Amazônia ocidental ano passado foi vencedora regional (América do Sul) da categoria "foto única" do World Press Photo, a mais prestigiosa premiação de fotojornalismo do mundo, anunciada nesta quarta-feira (3).

Pescador atravessa caminhando o leito seco do rio Solimões, próximo à comunidade indígena Porto Praia
Pescador atravessa caminhando o leito seco do rio Solimões, próximo à comunidade indígena Porto Praia - Lalo de Almeida - 13.out.2023/Folhapress

Lalo, que já esteve em outras ocasiões na comunidade indígena de Porto Praia, na região amazônica, ficou impressionado com o cenário devastador. "O trajeto sempre foi feito de barco. Tivemos de chegar até as comunidades por meio de uma trilha pelo leito seco", afirma.

A imagem desoladora fez parte da cobertura que Lalo fez junto ao repórter Vinicius Sassine da tragédia climática que abateu a Amazônia. A seca nos últimos meses de 2023 produziu níveis mínimos históricos em pontos dos rios Negro, Solimões, Amazonas e Madeira.

"Vi que a comunidade estava olhando para o vazio. O trabalho mostra o impacto da crise climática nas paisagens e nas populações, que com o rio seco, têm sua vida inviabilizada. Os ciclos estão se quebrando com as mudanças climáticas", conclui o fotógrafo.

Lalo já venceu o prêmio em 2022 com "Distopia Amazônica", que documenta a ocupação amazônica e o seu impacto na floresta e nos habitantes da região, ganhador da categoria longa duração na fase mundial. Em 2021, o também foi premiado na categoria meio ambiente com um trabalho sobre o Pantanal. Um ensaio sobre o surto de zika na região Nordeste do Brasil rendeu a Lalo o segundo lugar na categoria questões contemporâneas em 2017.

O World Press Photo também reconheceu o trabalho da fotojornalista da Folha Gabriela Biló, que registrou desde a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas em outubro de 2022 até a cobertura dos atos golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023.

Com as imagens da desolação dos apoiadores do ex-presidente após o anúncio da apuração do segundo em 2022 e cenas dos ataque à praça dos Três Poderes, Biló recebeu menção honrosa no World Press Photo.

Vândalos em ato golpista em Brasília depredam prédios dos três Poderes em janeiro de 2023
Vândalos em ato golpista em Brasília depredam prédios dos três Poderes em janeiro de 2023 - Gabriela Biló - 8.jan.2023/Folhapress

"O 8 de Janeiro foi importantíssimo para os desdobramentos que comprovaram a tentativa de um novo golpe em curso no Brasil. Ter esse reconhecimento internacional é um prêmio não só para mim como para a democracia brasileira", diz Biló

A repórter-fotográfica entrou no meio da intentona e flagrou os golpistas destruindo as dependências do Palácio e do STF. "A cobertura foi arriscada, perigosa. Foram mais de dez fotojornalistas agredidos que tiveram suas fotos roubadas", conta Biló.

De acordo com a organização, os trabalhos premiados mostram desde conflitos e convulsões políticas até a crise climática. Fundada em 1955, a fundação World Press Photo, com sede em Amsterdã, na Holanda, organiza o maior prêmio dedicado ao fotojornalismo no mundo. Em 2024 foram 61.062 inscrições de 3.851 fotógrafos de 130 países.

Nesta quarta foram anunciados 24 vencedores regionais, seis menções honrosas e duas menções especiais do júri. No próximo dia 18 serão anunciados os quatro vencedores globais (foto do ano, história do ano, projeto de longa duração e formato aberto).

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