Descrição de chapéu Planeta em Transe

Entenda em mapas a evolução dos incêndios no Brasil nos últimos meses

Dados do Inpe apontam aumentos a cada semana, com ápice em agosto

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São Paulo

Em meio à seca recorde e a suspeitas de ações criminosas, os incêndios florestais no Brasil cresceram nas últimas semanas, chegando a um acumulado de 152.383 focos, número que é 103% maior que o do mesmo período em 2023. Uma soma tão alta não era registrada desde 2010 no país, quando houve 158.256 focos de 1º de janeiro a 6 de setembro.

Apenas nesta sexta-feira (6), 4.396 pontos do Brasil tiveram focos de calor, segundo dados do programa BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Para relembrar a dinâmica do fogo no país neste ano, a Folha analisou os registros de todas as sextas-feiras das últimas 13 semanas. Eles mostram como as queimadas evoluíram entre altos e baixos nos biomas em diferentes momentos, segundo os registros de satélite.

Depois de serem maioria em maio no cerrado, os focos aumentaram rapidamente no pantanal, chegando a 387 pontos de incêndio ativos na sexta-feira 14 de junho —o ápice registrado nesse dia da semana no bioma em 2024.

No fim de junho, a ministra Marina Silva afirmou que havia investigações para apurar a causa dos incêndios, que começaram, na maioria, em propriedades privadas. O pantanal viu os registros de chamas caírem em julho e escalarem, porém, no início e no meio de agosto: foram 339 e 234 registros, respectivamente, nas sextas-feiras 2 e 16 de agosto, segundo os dados do Inpe.

Palmeiras queimadas em local cheio de fumaça
Vegetação queimada em meio a fumaca às margens da BR-364 no distrito de Mutum Paraná, em Porto Velho, na amazônia - Lalo de Almeida - 2.set.2024/Folhapress

Na amazônia, após cinco registros seguidos na casa de uma centena, o fogo escalou para 457 pontos ativos em 19 de julho, três vezes mais do que os 140 da sexta-feira anterior. O patamar ficou ainda mais elevado semanas depois.

Na região da maior floresta tropical do mundo, a seca mais grave já detectada no país na série histórica atual (iniciada em 1950) tem se mostrado também em alertas seguidos de baixa no nível dos rios. Na última quarta-feira (4), por exemplo, o rio Negro, em Manaus, desceu 25 cm em apenas 24 horas, de acordo com medições do Serviço Geológico do Brasil.

Além de cidades no sul do Amazonas, como Apuí, municípios na região de Porto Velho, capital de Rondônia, estão há semanas cobertos por fumaça e fuligem. Os focos ali e em toda a área da amazônia cresceram a partir de 23 de agosto, data de ápice no cerrado, com 2.115 focos, e na mata atlântica, com 1.056. Em todo o país, foram 4.928 pontos de fogo ativo naquele dia.

Os registros em solo amazônico chegaram a 3.224 em 30 de agosto e, nesta sexta, recuaram para 2.347.

Foi também no final de agosto que diversas cidades no interior de São Paulo, especialmente na região de Ribeirão Preto, no norte do estado, ficaram sob a fumaça combinada dos incêndios na amazônia e na região.

Desde o período desse episódio, a quantidade e a intensidade dos focos cresceu no Sudeste. O Brasil apresenta nas semanas recentes um quadro de fogo espalhado por diversas partes do território.

Atualmente a Polícia Federal investiga 52 casos de incêndios florestais com suspeita de ação criminosa, e o governo Lula (PT) estuda pedir um aumento de pena para este tipo de ocorrência.

O país enfrenta uma combinação de fatores que favorecem a propagação de incêndios, segundo nota técnica do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) publicada na última quinta-feira (5), como a baixa quantidade de chuva da estação passada no Centro-Oeste e no Norte, a atuação do El Niño e a antecipação do período seco deste ano.

Mas o documento não se restringe a isso e cita como fenômenos de longo prazo as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento progressivo da atmosfera, que alongam a sequência de dias sem chuva, e a substituição de floresta por áreas de agricultura e pastagem.

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