Mudança climática custa à África até 5% do PIB, diz chefe de clima da ONU

Continente recebe apenas 1% do financiamento global anual para o clima

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Duncan Miriri
Reuters

O impacto do aquecimento global está custando às nações africanas até 5% de sua produção econômica, disse o chefe de clima da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta quinta-feira (5), pedindo mais investimentos para ajudar na adaptação às mudanças climáticas.

O continente de 54 nações —que tem sofrido com eventos climáticos extremos apesar de emitir muito menos gases poluentes do que o mundo industrializado— recebe apenas 1% do financiamento global anual para o clima.

"A crise climática é um buraco econômico, sugando o ímpeto do crescimento econômico", disse Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em uma reunião de ministros do meio ambiente africanos em Abidjan, Costa do Marfim.

A imagem mostra um evento com um painel em fundo laranja. Um homem de terno e gravata está em pé ao microfone, falando. À sua direita, uma mulher sentada em uma mesa, também vestindo um terno, observa atentamente. O banner ao fundo indica '10th Special Session of AMCEN' e 'Abidjan, Ivory Coast'.
Simon Stiell, secretário-executivo do braço climático da ONU discursa em encontro de ministros ambientais africanos em Abidjan, na Costa do Marfim - Luc Gnago - 5.set.2024/Reuters

O encontro é um dos eventos preparatórios para a COP29, a conferência climática da ONU, que acontece em novembro, no Azerbaijão.

Embora o continente tenha atraído novos investidores em projetos de mitigação (corte de emissões de gases-estufa) e adaptação climática nos últimos anos, ele recebe uma parcela muito pequena dos US$ 100 bilhões em financiamento disponíveis globalmente, dizem autoridades governamentais africanas.

Estimativas dão conta de que seriam precisos US$ 1,3 trilhão para amenizar os impactos da crise do clima, dizem os governos, que não especificam um prazo para este valor ser atingido.

"O vasto potencial da África para impulsionar soluções climáticas está sendo frustrado por uma epidemia de subinvestimento", afirmou Stiell.

Os investimentos necessários incluem US$ 4 bilhões anualmente para eliminar o uso de combustíveis tradicionais (como madeira) para cozinhar no continente. Esse tipo de atividade contribui para as emissões de gases de efeito estufa.

"Dos mais de US$ 400 bilhões gastos em energia limpa no ano passado, apenas US$ 2,6 bilhões foram para nações africanas", disse ele.

A mudança climática tem causado secas prolongadas e inundações catastróficas em toda a África. Os eventos extremos afetaram a produção de alimentos, elevando os preços das commodities e agravando a fome.

Stiell disse que vêm crescendo os apelos para que a África consiga mais recursos estrangeiros na esteira da COP29, em Baku, onde as nações estarão buscando consenso sobre novas metas internacionais de financiamento climático.

"Devemos usar soluções de financiamento inovadoras para adaptação sem agravar os encargos da dívida", afirmou Hanan Morsy, economista-chefe da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, em uma conferência de financiamento climático na semana passada.

Essas inovações incluem refinanciamento da dívida e swaps, bem como mercados de carbono, disse a especialista.

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