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Óleo atinge local de desova de tartarugas no Espírito Santo

Manchas afetam local em meio à época reprodutiva; já foram atingidos 494 localidades em 111 municípios

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Agência Brasil

Fragmentos de óleo foram encontrados neste domingo (10), na praia de Pontal do Ipiranga, na cidade de Linhares (ES), onde há uma base do Projeto Tamar. É a segunda localidade capixaba atingida pelo produto nos últimos quatro dias.

Na quinta-feira (7), pequenos fragmentos de óleo foram recolhidos na praia de Guriri, em São Mateus (ES), a cerca de 85 quilômetros ao norte de Linhares. Após ter se espalhado pelos nove estados nordestinos (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), o produto de origem ainda desconhecida avança pela região Sudeste em direção ao sul. A capital capixaba, Vitória, está distante cerca de 170 quilômetros de Pontal do Ipiranga.

Tartaruga coberta de óleo na praia de Itatinga, no Maranhão - Julio Deranzani Bicudo - 22.set/Reuters

De acordo com a Marinha, análises da substância recolhida há quatro dias em São Mateus confirmaram que se trata do mesmo óleo que atingiu praias, mangues, costões marítimos, desembocaduras de rios e outros habitats litorâneos do Nordeste.

Na praia de Pontal do Ipiranga, atingida hoje, funciona uma base do Projeto Tamar, dedicado à pesquisa, proteção e manejo de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção.

No site do Tamar consta que, "na região caracterizada por mata de restinga razoavelmente bem conservada", são monitorados e protegidos, em média, cerca de 200 ninhos de desovas de tartarugas-cabeçuda (Caretta caretta), cujas fêmeas, anualmente, buscam a região para construir a cama onde colocam seus ovos.

"Estamos em plena época reprodutiva, que vai até março", disse o biólogo responsável pela base, Ciro Jardel Bérgamo, a Agência Brasil. "Já temos, até o momento, 206 ninhos de tartaruga-cabeçuda mapeados ao longo dos 43 quilômetros de praia. Além de uma desova confirmada de tartaruga-gigante, o que indica que algo em torno de 80 tartarugas-gigantes estão prestes a nascer", acrescentou Bérgamo.

Segundo o biólogo, ao menos 60 militares da Marinha e 15 servidores do Ibama já estão no local para tentar limpar a praia, mas os pequenos fragmentos continuam chegando.

 

"São pequenas plaquetas de 3 centímetros, quatro centímetros, que atingiram uma longa extensão de areia. O risco é que as fêmeas enterrem seus ovos junto com o produto que se misturou à areia. Ou que, se a praia não for totalmente limpa, os filhotes, ao nascerem e tentarem chegar ao mar, tenham contato com o óleo", afirma Bérgamo, lamentando uma nova tragédia para o litoral capixaba quatro anos após o rompimento da barragem do Fundão, da Samarco, em novembro de 2015, que lançou milhares de tonelada de resíduos tóxicos sobre o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, atingiu o Rio Doce, e chegou ao Oceano Atlântico.

"A costa capixaba está sendo castigada. Principalmente os pontos de desova das tartarugas. Ainda estávamos sob efeito do rompimento da barragem do Fundão e agora isto", disse o biólogo.

Antes que os primeiros vestígios de óleo fossem encontrados na praia, a prefeitura de Linhares e o Corpo de Bombeiros instalaram o Sistema de Comando em Operações para fazer frente a situação. Uma das primeiras medidas preventivas adotadas, ainda na sexta-feira (8), foi o bloqueio da foz do Rio Doce, em Regência.

Segundo a prefeitura, o objetivo é evitar que o material poluente atinja e contamine o estuário da região. "A contenção da foz é necessária para evitar que os resíduos saiam do mar e atinjam o rio, contaminando o estuário", disse o secretário municipal de Meio Ambiente, Fabrício Borghi Folli, em nota.

O governo estadual também anunciou, na quarta-feira (6), que 13 órgãos atuarão de forma integrada a fim de minimizar os impactos da chegada do óleo ao litoral capixaba.

Segundo informações do Ibama, até o momento, 494 locais em 111  municípios já foram atingidos.

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