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Espaçonave da Nasa documenta que raios de Júpiter se assemelham aos da Terra

Descargas elétricas no maior planeta do sistema solar se concentram nos polos e nas latitudes médias

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Will Dunham
Washington | Reuters

Escondidas abaixo das nuvens acastanhadas de amônia que cobrem Júpiter há nuvens que, como na Terra, são feitas de água. E, como na Terra, os raios geralmente são gerados dentro dessas nuvens —uma visão sobrenatural observada por várias espaçonaves que visitaram o maior planeta do nosso sistema solar, incluindo a sonda Juno da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

Os dados obtidos por Juno estão fornecendo novas informações sobre como os processos de raios em Júpiter são semelhantes aos da Terra, apesar das diferenças drásticas entre os dois planetas, segundo os cientistas.

A Terra é um mundo rochoso relativamente pequeno. Júpiter, cujo homônimo, o antigo deus romano, lançava raios, é um gigante gasoso tão imenso que todos os outros planetas do nosso sistema solar poderiam caber perfeitamente dentro dele —incluindo mais de 1.300 Terras.

Concepção artística de como seriam os raios no hemisfério norte de Júpiter, de acordo com os dados capturados pela sonda Juno - Nasa/JPL-Caltech/SwRI/JunoCam/via Reuters

Aproveitando cinco anos de dados de alta resolução adquiridos pelo receptor de rádio de Juno enquanto a espaçonave orbita Júpiter, pesquisadores descobriram que os processos de iniciação de raios do planeta pulsam em um ritmo semelhante ao observado dentro das nuvens do nosso planeta. As pulsações observadas em Júpiter como relâmpagos se iniciavam com diferenças de tempo de cerca de um milissegundo, semelhantes às tempestades na Terra.

O raio é a fonte elétrica natural mais poderosa da Terra.

"O raio é uma descarga elétrica que se inicia dentro das nuvens de tempestade. As partículas de gelo e água no interior da nuvem são carregadas por colisões e formam camadas de partículas com carga de mesma polaridade", disse a cientista planetária Ivana Kolmasova, do Instituto de Física Atmosférica de Praga, da Academia Tcheca de Ciências, e principal autora do estudo publicado esta semana na revista Nature Communications.

"Por meio desse processo, um enorme campo elétrico é estabelecido e a descarga pode ser iniciada. Essa explicação é um pouco simplificada porque os cientistas ainda não têm certeza do que exatamente acontece no interior das nuvens de tempestade", acrescentou Kolmasova.

A existência de raios em Júpiter foi confirmada quando as emissões de rádio em frequências audíveis foram registradas em 1979 pela espaçonave Voyager 1 da Nasa enquanto se aventurava pelo sistema solar.

Os outros planetas gasosos do sistema solar —Saturno, Urano e Netuno— também demonstraram ter raios. Há alguma evidência de raios nas nuvens do planeta rochoso Vênus, embora ainda seja uma questão em debate.

Outros estudos detalharam outras semelhanças nos processos de raios em Júpiter e na Terra. Por exemplo, as taxas de raios nos dois planetas são semelhantes, embora a distribuição de raios em Júpiter seja diferente da Terra.

"Na Terra, as regiões tropicais são as mais ativas. A maioria dos raios jovianos ocorre em latitudes médias e também nas regiões polares. Quase não temos atividade de raios perto dos polos da Terra. Isso significa que as condições para a formação das nuvens de trovões jovianas e terrestres são provavelmente muito diferentes", disse Kolmasova.

"Houve algumas tentativas de comparar o poder dos raios com base em medições ópticas, e concluiu-se que o raio em Júpiter pode ser comparável ao raio terrestre mais forte", acrescentou Kolmasova, observando que mais análises serão realizadas.

Júpiter é composto principalmente de hidrogênio e hélio, com traços de outros gases. Listras e algumas tempestades dominam a aparência colorida de Júpiter, o quinto planeta a partir do sol, com um diâmetro de cerca de 143 mil km.

Juno orbita Júpiter desde 2016, obtendo informações sobre sua atmosfera, estrutura interna, campo magnético interno e a região ao seu redor criada pelo magnetismo interno.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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