Siga a folha

Quem é Eunice Newton Foote, cientista homenageada pelo Google

Americana descobriu impacto do gás carbônico na atmosfera e acabou esquecida

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Rio de Janeiro e São Paulo

A página inicial do Google nesta segunda-feira (17) é uma homenagem aos 204 anos do nascimento da americana Eunice Newton Foote, cientista e ativista do direito das mulheres.

A americana foi a primeira a descobrir que alguns gases, como o gás carbônico (CO2), esquentavam quando expostos à luz solar e a sugerir que altas concentrações de CO2 na atmosfera resultam em um planeta mais quente –o que descreve o efeito estufa e a sua influência no aquecimento global.

Doodle do Google em homenagem à cientista Eunice Newton Foote - Reprodução

Quem costumava levar o crédito da descoberta do efeito estufa, peça-chave em toda a ciência do clima, era o físico irlandês John Tyndall. A partir de 1859, ele publicou uma série de estudos que mostraram como certos gases, entre eles o CO², capturam calor na atmosfera.

Recentemente, porém, descobriu-se que Tyndall não fora o precursor. Três anos antes, em 1856, um experimento de Foote descrevendo o fenômeno foi apresentado em um congresso da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

No artigo, ela explica como encheu frascos com diferentes gases e os expôs à luz do sol. Ao medir a temperatura deles, notou que o recipiente com CO2 esquentava muito mais do que os outros e também demorava mais para esfriar.

"Uma atmosfera desse gás daria à nossa terra [sic] uma temperatura alta", escreve a pesquisadora amadora no estudo. "E se, como alguns supõem, em um período da história [da Terra] o ar se misturou a ele em uma proporção maior do que no presente, necessariamente deve ter resultado disso [...] uma temperatura aumentada."

Essa mesma experiência é usada até hoje em salas de aula para demonstrar o efeito estufa.

História recuperada

Um artigo de 2020 revisita os estudos de Eunice Foote, ressaltando que o trabalho dela ficou perdido para a ciência por cerca de 155 anos, até 2011, quando foi descoberto por um pesquisador independente.

"O trabalho de Foote é como um meteoro. Ele brilhou intensamente e depois desapareceu de vista", escrevem os autores Joseph Ortiz e Roland Jackson.

A dupla afirma que, a partir da análise dos experimentos dela, fica claro que a americana foi a primeira a entender que a mudança na quantidade de gases, como CO2 e vapor d'água, na atmosfera poderia alterar o clima.

"Ela fez os primeiros experimentos que demonstraram a absorção de calor por esses gases, uma descoberta inédita, e confirmou sua hipótese", afirmam.

"O que ela não fez, ao contrário de Tyndall, foi dar uma explicação física detalhada de seus resultados, ou isolar e detectar a base física do efeito estufa da Terra", explicam os autores, acrescentando que isto não é um demérito da contribuição de Foote para a ciência climática.

Ativista do direito das mulheres

Filha de Theriza Newton e Isaac Newton Jr., parente distante do cientista homônimo, Foote nasceu em 1819, na cidade de Goshen (Connecticut).

Ela participou, em 1848, da primeira convenção sobre direito das mulheres nos EUA, em Seneca Falls, no estado de Nova York.

Defensora do voto feminino, Foote foi uma das signatárias da Declaração de Sentimentos, um documento que exigia direitos sociais e legais igualitários para as mulheres.

Erramos: o texto foi alterado

O congresso em que Eunice Newton Foote apresentou seu experimento ocorreu em 1856, não em 1956, como publicado em versão anterior deste texto.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas