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Aposentado ajuda a resolver mistério de morcego que acasala sem penetração

Holandês filmou animais durante ato sexual no sótão de igreja e enviou material a pesquisadores

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Daniel Lawler
Paris | AFP

O mistério de um dos maiores órgãos sexuais do reino animal parece ter sido resolvido graças a um aposentado holandês, que filmou morcegos durante um ato sexual no sótão de uma igreja.

O morcego-hortelão-escuro, conhecido como morcego serotino, não utiliza o seu enorme e inusitado pênis para a penetração, mas sim como um "braço copulador" no acasalamento, afirmou uma equipe de pesquisadores europeus na última segunda-feira (20).

É a primeira vez que se tem de notícia de um mamífero que se reproduz sem penetração sexual, acrescentaram os pesquisadores.

Morcego-hortelão-escuro, conhecido como morcego serotino, em museu na França - Guillaume Souvant/AFP

Nicolas Fasel, pesquisador da Universidade de Lausanne, na Suíça, contou à AFP que sua equipe observa os morcegos serotinos há anos e descobriu que seu "pênis é superlongo quando ereto".

O órgão sexual do macho é aproximadamente sete vezes maior do que as vaginas das fêmeas da mesma espécie, de acordo com medições dos cientistas.

Para completar o cenário excêntrico, a cabeça do pênis se expande em formato de coração, o que deixou os cientistas perplexos.

"Não há como penetrar nessa estrutura", disse Fasel, que liderou um estudo publicado na revista Current Biology.

'Realmente surpreso'

Conhecia-se relativamente pouco sobre como os morcegos acasalam, devido à dificuldade de observar o momento exato. E os cientistas não haviam encontrado uma forma de resolver esse mistério. Até que um dia Fasel recebeu um email estranho.

"Pênis" foi a primeira palavra na linha de assunto do email, seguida por um termo em holandês e a palavra Eptesicus, do nome científico Eptesicus serotinus. Então o cientista arriscou abrir a mensagem e ver os vídeos enviados dessa espécie comum nas florestas da Europa e da Ásia.

"Fiquei realmente surpreso porque tivemos a nossa resposta", disse.

O email era de Jan Jeucken, um aposentado sem formação científica que mora na vila de Castenray, no sul da Holanda.

Jeucken estava interessado em uma população de morcegos serotinos que vivia no sótão de uma igreja local, onde instalou câmeras.

Fasel disse que a "paixão de Jeucken fez dele o melhor observador para entender os morcegos", então o aposentado foi nomeado coautor do estudo.

Os pesquisadores analisaram 93 acasalamentos no sótão da igreja, bem como quatro gravações em um centro de reabilitação de morcegos na Ucrânia.

Durante o ato, os machos agarram as fêmeas pela nuca e usam seus pênis como um braço extra para envolver e remover uma grande membrana utilizada para proteger a vagina, disseram os especialistas.

O abraço longo e silencioso chamado "acasalamento por contato" é o momento em que o sêmen é transferido, sem que os cientistas tenham certeza de como ele é produzido. O que podem confirmar é que o abdômen da fêmea contém restos desses fluidos.

Embora essa forma de reprodução, também chamada de "beijo cloacal", seja comum em aves, nunca havia sido observada em um mamífero.

O processo de acasalamento leva tempo. A duração média foi de 53 minutos, mas a mais longa chegou a quase 13 horas.

Fasel especulou que as fêmeas poderiam usar seus colos excepcionalmente longos para reter espermatozoides de vários machos durante meses antes de escolher com qual deles procriar.

É possível que outras espécies de morcegos acasalem sem penetração, disse o pesquisador, acrescentando que são necessárias mais pesquisas.

"Pudemos ver que existem muitas espécies com pênis bastante estranhos", completou.

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