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Jornalista em Brasília, onde acompanha os principais acontecimentos econômicos e políticos há mais de 25 anos

Descrição de chapéu Todas juros copom

Antecipação de sucessor de Campos Neto ajuda a diminuir incertezas

Em momento de piora do cenário externo, governo brasileiro precisa cuidar para reduzir os ruídos

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O mercado brasileiro acordou nesta segunda-feira (5) com um tsunami vindo da Ásia diante do temor de uma recessão da economia dos Estados Unidos.

A tensão foi diminuindo ao longo do dia, mas o tamanho do estresse nos mercados internacionais mostrou que o mar não está para peixe.

O dólar no Brasil fechou em R$ 5,76, mas chegou a bater a marca de R$ 5,86 num dia marcado por grande nervosismo.

Em um momento de piora substancial do cenário externo, o governo brasileiro precisa cuidar para reduzir os ruídos. Nesse contexto, além das acertadas decisões sobre juros e fiscal na semana passada (tema da última coluna), seria salutar que o presidente Lula (PT) formalizasse a indicação do próximo presidente do Banco Central.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia no Palácio do Planalto - Folhapress

A possibilidade de antecipação da indicação tem sido alimentada por integrantes da própria equipe econômica, que enxergam mais vantagens do que desvantagens se Lula apontar logo o sucessor de Roberto Campos Neto. Se possível, ainda em agosto, após o período de férias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que termina na segunda que vem.

Evidentemente, uma eventual antecipação da indicação não removerá as incertezas sobre a política monetária de um Banco Central que será majoritariamente lulista a partir de janeiro do próximo ano.

Ajudará os investidores, no entanto, a ter mais clareza sobre o cenário e permitirá ao futuro chefe da autoridade monetária trabalhar o processo de coordenação das expectativas e da transição no BC.

Tira-se uma incerteza do caminho.

Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do BC, segue como favorito por já estar dentro do campo, no jogo.

Alguns auxiliares do presidente, porém, seguem falando na possibilidade de nomes alternativos, o que é visto por muitos como despiste de Lula. O presidente usou dessa mesma estratégia na transição de governo com a escolha de Haddad para o comando do Ministério da Fazenda.

Gabriel Muricca Galípolo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado - Agência Brasil

A deterioração dos mercados internacionais impõe mais do nunca uma sintonia fina das políticas fiscal e monetária no Brasil. Essa sintonia precisa ser reforçada como prevenção para o que pode vir por aí.

Do lado fiscal, há uma clara percepção dos investidores de que a política nesse tema está chegando mais ou menos no limite da atuação, após o recente congelamento de R$ 15 bilhões de gastos e as medidas de restrição para novos empenhos orçamentários. Essas ações amenizaram as preocupações de curto prazo, mas não o temor de mudanças no arcabouço fiscal.

Do lado da política monetária, a pergunta que fica é sobre qual será o limite de atuação do BC sob nova direção. Como a próxima reunião será só nos dias 17 e 18 de setembro, o BC terá tempo suficiente para avaliar fora do calor do momento.

Até lá, seria mais do que positiva a indicação de Lula para o BC.

Por enquanto, o governo tem uma leitura positiva de que, caso se confirme um cenário de desaceleração da atividade americana, mas não de recessão, a economia brasileira poderá se beneficiar com a queda das taxas de juros dos Estados Unidos.

Mas, se esse cenário não se concretizar e a recessão americana vier, machucando a economia global, o Brasil terá que estar mais bem posicionado para enfrentar as adversidades.

É uma oportunidade para o ministro Haddad costurar apoio para as medidas que vai precisar tomar do lado da contenção de despesas, mas também de aumento de receitas —inclusive com cortes de benefícios fiscais—, para tentar desviar a economia brasileira de um tsunami mais forte que o de agora que pode chegar no Brasil.

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