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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Sassaricando na crise

Até os camelôs abandonaram as ruas do Centro do Rio, mas os velhos armazéns resistem

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No velho Centro, há ruas tão abandonadas —como a Sete de Setembro, por onde segue o VLT, o bonde da modernidade— que nem os camelôs disputam mais suas calçadas. Para quê, se não passa ninguém? Isso é mais grave quando se sabe que a decadência da região está ligada ao avanço da informalidade no emprego: guardadores de carros, vendedores de comida e bebida, burros sem rabo, homens-cartazes, viradores de todo tipo e, claro, os camelôs, cuja livre atuação em toda a cidade parece obedecer a um decreto do prefeito Crivella.

Paralela à Sete de Setembro, a Carioca virou um clássico da tragédia anunciada: 30 lojas fechadas nos últimos anos, sobretudo a partir de 2012, quando o banco Opportunity comprou da Ordem Terceira da Penitência 18 casarões tombados no lado ímpar da rua, reajustando os aluguéis para um valor três vezes mais alto.

O Bar Luiz ainda está lá, mas até quando? Dois restaurantes históricos correm risco de fechar: o Nova Capela, na avenida Mem de Sá, e o antigo Albamar, na praça Quinze. Para sobreviver, a tradicionalíssima Colombo —confeitaria instalada há 125 anos na rua Gonçalves Dias— baixou o preço do bufê e, às segundas e terças, oferece dois doces ao preço de um. É o sassarico da crise. 

O espantoso é a resistência dos armazéns. Sim, aqueles de secos e molhados, antepassados dos botequins, comércio gerido por sociedades familiares e em que parte das vendas era feita a crédito e paga mensalmente, depois de anotada nos livros de fiado. O dono, sempre de avental, podia se chamar Manuel, porém não era obrigatório.

Meu amigo Paulo Thiago de Mello —especialista em quiosques, boticas e pés-sujos— indica dois deles ainda em atividade: o Senado, na rua Gomes Freire, e o Paladino, na rua Uruguaiana, ambos no Centro. Nunca o ditado português fez tanto sentido: quem não tem competência não se estabelece. 

O restaurante/armazém Paladino, no Centro do Rio - Tomás Rangel - 2.dez.2011/Folhapress

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