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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Futebol, modernidade e pobreza

Investidor do Botafogo é recebido como o Garrincha redivivo

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Se o futebol hoje expulsa até os podres de rico, que dizer dos pobres. Como jogador, Ronaldo não era de pipocar. Como empresário e aspirante a dono do Cruzeiro, ele não demonstra o mesmo ímpeto. Depois de anunciar a intenção de investir R$ 400 milhões para adquirir 90% das ações da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do clube, o ex-jogador já pensa em desistir do negócio. As dívidas, que ele classifica de "bilionárias", podem impedir o rush do Fenômeno.

O cenário do Cruzeiro —que disputará pelo terceiro ano consecutivo a segunda divisão— é mais conturbado que o do Botafogo. Mas este também deve a Deus e ao mundo e está perto de ser comprado pelo investidor americano John Textor, até ontem um completo desconhecido. Sabe-se que ele é sócio de um serviço de streaming com foco na transmissão ao vivo de esportes e já tem na cartola o Crystal Palace, time de Londres.

Ronaldo tem pretensões modestas. Sua meta é o retorno à Série A. E Textor? Faz ideia de onde está se metendo? Iludida pelos dólares e promessa de grandes contratações, a torcida do Botafogo foi receber o gringo no aeroporto como se ele fosse o Garrincha redivivo. Sofrida e enlouquecida, a galera exige para começar o título da Libertadores, jamais conquistado.

Se a modernidade não tivesse virado o futebol pelo avesso, Textor seria apresentado a Vinicius de Moraes para ter noção do desafio que lhe espera: "O senhor sabe lá o que é um choro de Pixinguinha? O senhor sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal? O senhor sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?".
E seria informado que, antes dele, houve outro mecenas no clube, para quem scouting, startup e compliance não faziam o menor sentido. Do próprio bolso, o bicheiro Emil Pinheiro montou o time campeão de 1989, encerrando um jejum de 21 anos. Depois vendeu todos os jogadores e recuperou o investimento. O Botafogo continuou mal administrado e na pobreza.

Jogadores do Botafogo comemoram título da série B - Thiago Ribeiro/AGIF

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