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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

A arte de esconder a idade

Poucos, como Ivone Lara, a aumentam; a maioria a diminui

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Jorge Ben Jor fez aniversário em 22 de março. Se houve festa no Copacabana Palace, onde ele mora, foi tão discreta quanto sua vida. Nas redes, no entanto, os fãs não pararam de tocar "Chove Chuva", "Menina da Pele Preta", "Taj Mahal" para comemorar —quantos anos mesmo?

Em 1963, quando ele surgiu, dizia ter 21. Depois passou a afirmar que teria nascido em 1945. Havia essas duas versões até a jornalista Kamille Viola revelar uma terceira. Em seu ótimo livro "África Brasil", ela apresenta a certidão de nascimento de Jorge Duílio Lima Meneses com data de 1939. Mistério desfeito: 83 é touro no jogo do bicho, não gato.

"Sou atemporal", costumava dizer Elza Soares. A confusão em torno do aniversário da cantora, morta em janeiro aos 91 anos, era ainda maior, envolvendo quatro datas: 1928, 1930, 1933, 1937. Havia disputa até para o dia e o mês de seu nascimento: 23 de junho ou 22 de julho. As informações desencontradas nunca importaram: com qualquer idade, Elza sempre foi Elza. O mesmo vale para Lygia Fagundes Telles, que, sabe-se agora, não tinha 98, mas 103 anos!

Se a certidão de Nelson Cavaquinho estivesse correta, Noel Rosa seria mais velho do que ele poucos meses, e 1910, um dos anos mais felizes da música brasileira. Só que Nelson nasceu em 1911. Seu pai adulterou o documento para que o filho ingressasse na polícia e casasse com uma moça menor de idade que engravidara. Rondando o morro de Mangueira, ele foi um desastre como soldado, nunca prendeu ninguém, mas aprendeu a fazer samba.

O pai de Dona Ivone Lara também fabricou uma data. O motivo era nobre: fazer com que a filha pudesse se matricular na escola Orsina da Fonseca, que só aceitava alunas a partir dos 11 anos. Nascida em 1922, a menina só tinha dez. Toda essa fofoca para dizer que, com a penca de centenários em 2022, o de Ivone, a se comemorar nesta quarta (13), é para mim o mais importante de todos.

Dona Ivone Lara na capa de seu disco de estreia, em 1978 - Ricardo de Vicq/Acervo pessoal

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