Fim do dinheiro físico vai criar mais divisões sociais e aumentar dívidas
No Reino Unido, estima-se que apenas 30% das transações são pagas com notas e moedas
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Um estudo sobre o aumento dos pagamentos digitais no Reino Unido revelou que o fim do dinheiro físico vai criar mais divisões sociais e deve aumentar as dívidas de milhões de pessoas.
O sistema financeiro em geral tem comemorado e vendido como um grande feito positivo o provável fim das operações em dinheiro de verdade.
Mas o estudo, chamado “Access to Cash” (acesso ao dinheiro), mostrou que pelo menos 8 milhões de pessoas (de uma população total de 60 milhões) ainda dependem totalmente de notas e moedas em suas transações comerciais no Reino Unido.
Essas pessoas já estão ficando para trás e começam a sofrer com o fim das transações com dinheiro físico em muitas lojas e empresas.
No fim de 2018, já se estimava que apenas 3 em cada 10 transações eram feitas com o uso de notas ou moedas no país.
E a mudança tem sido muito rápida, com as pessoas pagando até passagem de ônibus com celular ou seus relógios de pulso.
Vários estabelecimentos simplesmente já não aceitam mais pagamento em “cash” –incluindo pubs e lojas pequenas.
Segundo a autora do estudo, a ex-ombudsman do sistema financeiro do país Natalie Ceeney, o problema é que muita gente não tem e nem terá acesso fácil aos meios de pagamento digitais.
O estudo identificou pelo menos três riscos importantes para uma sociedade sem dinheiro de verdade:
- A falta de conexão de internet de alta velocidade vai criar problemas nas zonas rurais do país.
- Milhões de pessoas podem perder o controle dos seus gastos e se endividar brutalmente, já que é que mais fácil controlar os seus custos com dinheiro físico.
- Pessoas que não terão acesso direto a serviços de pagamento e contas digitais vão ter que pagar mais caro para usar tais serviços indiretamente.
Tudo isso tende a aumentar algumas das divisões na sociedade entre os que tem e os que não tem acesso a pagamentos digitais.
O que preocupa realmente é que este cenário está se dando no Reino Unido, um dos países mais desenvolvidos do mundo e com um sofisticadíssimo sistema financeiro.
O estrago em países bem menos civilizados será, certamente, muito maior.
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