O Natal é absolutamente o dia mais sem graça do ano em Londres.
Não me refiro às comemorações familiares e religiosas, às animadas e felizes trocas de presentes entre pessoas amadas ou aos porres antológicos entre amigos.
Essas coisas são boas em qualquer lugar do mundo.
Trato aqui de agitação urbana, a grande qualidade da cidade.
O Natal é a única data na qual a metrópole mais vibrante do mundo se transforma num lugar sonolento e tedioso.
Para começar, faz frio, mas não neva.
Pior: muitas vezes chove e raramente o sol aparece.
Assim, todo mundo fica acabrunhado em casa.
Em segundo lugar, quase não há transporte público, e as atividades gerais são quase todas suspensas.
Não há grandes shows ou eventos, como acontece em rigorosamente todos os outros dias do ano.
As partidas de futebol, por exemplo, estão todas reservadas para amanhã, feriado nacional de Boxing Day, e até para o dia 1º de janeiro. Mas no dia de Natal, nada...
O único movimento vem dos turistas tentando encontrar restaurantes de quinta categoria abertos no centro da cidade para comer um fish & chips empapado de gordura.
O que me lembra de um terceiro problema: a comida.
Londres se transformou num dos maiores centros gastronômicos do planeta.
Ao contrário da fama, aqui come-se muito bem em restaurantes maravilhosos com culinária do mundo todo.
Mas os locais continuam preferindo pratos tradicionais justamente para a comilança de Natal.
Os ingleses gostam de Yorkshire pudding, vegetais super cozidos, gravy e mince pie.
Não recomendo...
Por último, temos o tradicional discurso anual da rainha Elizabeth 2ª.
É o grande acontecimento do Natal por aqui.
Todo dia 25 de dezembro, pontualmente às 15h, uma grande parte da população do país para o que estiver fazendo para ouvir a monarca.
E a rainha não desaponta, sempre animando o feriado.
O discurso de Natal é uma das raras ocasiões em que Elizabeth 2ª fala por si mesma e não representando o seu governo.
A monarca sempre faz um balanço dos acontecimentos dos últimos 12 meses e dá uma ideia do que ela espera para o próximo ano.
O discurso costuma ter um tom otimista sobre o futuro e enaltece as inúmeras e genuínas virtudes do país.
Hoje, no entanto, ela vai ter que lidar com o “brexit”.
Acho que, este ano, nem mesmo a rainha vai conseguir salvar o Natal dos seus súditos com seu otimismo...
Merry Christmas everyone!
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