Há uma estranha sensação de que teremos Réveillon sem fim de ano. Além da ausência dos típicos festejos que costumam marcar a passagem, as incertezas e angústias causadas pela pandemia estão competindo taco a taco com o clima de esperança que geralmente paira no ar nesta época.

É como se 2020 ameaçasse invadir, ou pior, contagiar 2021, minando a confiança. Este foi um ano tão atípico que, apesar de cronologicamente acabar em poucos dias, parece que não vai terminar em 31 de dezembro, prejudicando o despertar do ano novo. A virada será diferente pela comunhão de votos em torno de um denominador comum: a vacina contra a Covid. Será partilhada também a expectativa de preservação da vida até que estejamos imunizados.

Mais do que um marcador de tempo ou uma convenção na qual milhões de pessoas mundo afora depositam suas esperanças num recomeço, a mudança de ano será marcada pela continuação do embate que desafiou a humanidade nos últimos meses: vencer a pandemia.

E como 2020 é um ano que vai acabar sem um desfecho, é bom lembrar que mesmo quando tivermos uma vacina ao alcance dos braços, não será do dia para a noite que voltaremos a viver como antes —se é que isso ainda será possível. Sim, a imunização é essencial para retomarmos o "velho normal". Mas o combate à Covid vai além da vacina. Como alertam os especialistas, por um bom período ainda teremos de manter cuidados como o uso da máscara.

De tempos em tempos é assim, surtos de doença surgem, e o mundo tem de se reinventar. Em todos os casos, o ponto de convergência está no impacto das pesquisas científicas sobre nossas vidas.
Meus votos são por um 2021 em que prevaleçam ensinamentos da pandemia como as lições de solidariedade, de empatia, de valorização da ciência, de cuidado com nossos afetos, de preservação da saúde e da vida, de autoconhecimento, de força, de dedicação e de amor não só próprio, mas também ao próximo.