Siga a folha

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

Questão de pele

Julgamento iniciado em Brasília, que impacta a população majoritariamente negra, deveria ter parado o Brasil

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Enquanto o Brasil não estiver disposto a assumir e a enfrentar a questão racial como ponto central de suas mazelas, será difícil reduzir as desigualdades.

Em Brasília, teve início o julgamento sobre a validade de prova obtida em abordagem policial baseada na cor da pele. Diante dos altos índices de violência policial contra pretos e pardos, numa nação majoritariamente autodeclarada negra, era de se esperar que o país parasse para acompanhar.

Porém, para isso, a população negra teria de ter instrução, tranquilidade e condições de se dar ao luxo de atentar para questões que impactam sua vida e pressionar, ao invés de manter-se num permanente corre-corre para sobreviver.

E, numa sociedade ainda calcada em primados escravocratas que estigmatizam os afrodescendentes e geraram distorções em favor da branquitude, pode acontecer de tudo. Desde polícias estruturadas para tratar os negros com "distinção" até a esdrúxula conceituação de racismo reverso.

É o tipo de coisa que leva uma mulher branca, ocupando cargo público de poder, ao absurdo de concluir que "racismo não é um privilégio" no Brasil. Por óbvio, nem aqui, nem em lugar nenhum do planeta, posto que a prática faz de determinado grupo de pessoas alvo de opressão sistemática.

Difícil pensar em forma de desvantagem mais evidente. O racismo é praticamente uma presunção de culpa em muitos casos, sobretudo quando envolve a polícia. Quem é negro sabe. Quem não é já deveria ter descoberto.

Mas somos também uma sociedade conservadora e hipócrita, que até hoje se vale descaradamente de trabalho em condições indignas e sob restrição de liberdade...

Contudo não é por ter a pele negra que alguém deve ser abordado pela polícia.

Parar a engrenagem que faz dos negros reféns e vítimas preferenciais da hostilidade, do abuso de autoridade e da truculência policial fundada no preconceito é, além de tardio, fundamental.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas