É empreendedora social e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora). Vice-presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República
Você é uma mulher estressada ou está sobrecarregada?
Quem cuida da casa, das crianças, e dos animais de estimação na sua família é, muito provavelmente, uma mulher
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Quando você é mulher, já nasce com a função de cuidar ativada, ou pelo menos é o que a nossa construção social nos faz acreditar, que temos que estar prontas para servir.
Principalmente quando você é uma menina pobre e precisa se virar para sobreviver, já nasce cuidando de todos. Não há outra opção.
Em famílias de origem humilde, é muito comum que as mulheres assumam a responsabilidade por todas as tarefas domésticas e de cuidado, mesmo quando ainda precisam ser cuidadas. Infelizmente, esse ciclo provavelmente as acompanhará ao longo de suas vidas.
É comum cuidar de seus irmãos mais novos, parentes, dos idosos da família, fazer o almoço, lavar roupa, entre outras inúmeras atividades essenciais e não valorizadas para que a dinâmica familiar funcione.
Estas atividades têm um nome: economia do cuidado. A economia do cuidado nada mais é do que todas aquelas atividades invisíveis, essenciais para a rotina, saúde e andamento da vida de várias pessoas.
Quem cuida da casa, prepara o almoço, alimenta os animais de estimação, marcar exames e consultas, cuida das crianças, auxilia com o dever de casa e faz as compras na sua família? Muito provavelmente, uma mulher.
A verdade é que esse cuidado está presente antes mesmo da realização dessas atividades. A exaustão muitas vezes vem da antecipação desses problemas, e estima-se que 88% desses afazeres sejam realizados por mulheres.
Além da sobrecarga e da jornada muitas vezes dupla, as mulheres mães e de baixa renda são ainda mais prejudicadas. São elas que desempenham um papel central no cuidado de crianças, idosos e pessoas doentes, enfrentando desafios financeiros, pois muitas vezes precisam desistir de suas carreiras e profissões para dar conta dessas atividades.
O empreendedorismo se torna uma alternativa nessas situações. Mas não podemos romantizar. Junto com a flexibilidade continuam as responsabilidades. Para muitas mulheres, empreender é a única forma de sobreviver.
Abro essa discussão sobre a economia do cuidado para falar não apenas da sobrecarga física que isso impõe às mulheres, mas também da exaustão psicológica e, principalmente, da renúncia aos sonhos, desejos, vontades, planos e futuro.
O cuidado, mais do que nunca, deve ser reconhecido como trabalho. Já pararam para pensar como a sociedade se sustentaria sem estes trabalhos domésticos? Quando um pai de família está prosperando em sua carreira e estudos, é porque alguma mulher está providenciando alimentação, cuidando da casa e da família para que isso aconteça.
O trabalho invisível movimenta a economia, mas não são as mulheres que estão lucrando com isso. Estima-se que essas atividades movimentam U$ 10,8 trilhões por ano na economia global.
Como as mulheres podem alcançar a prosperidade quando estão ocupadas o tempo todo? Como podem se dedicar às suas carreiras, aos estudos, à sua própria realização e escutar seus desejos, quando continuamente se desprendem para cuidar dos outros?
Quem cuida de quem cuida?
Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters