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Doutor em ciências pela USP, fez pesquisa na Universidade de Yale. É divulgador científico no YouTube em seu canal pessoal e no Nerdologia

Descrição de chapéu Coronavírus

A variante ômicron é só um obstáculo nessa corrida

Enquanto não tivermos a maioria dos brasileiros vacinados, o coronavírus pode e vai circular

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O mundo está preocupado com a variante ômicron, que foi detectada primeiro no continente africano, uma região historicamente negligenciada, que sofre com uma grave falta de infraestrutura de saúde, falta de testes e vacinas contra Covid. A mesma região que já viu a variante beta surgir.

Já aqui no Brasil, a situação está melhor. Continuamos com baixa ocupação de leitos de UTI nas grandes metrópoles, que já se aproximam de toda a população adulta vacinada. Enquanto no interior da região Norte, historicamente negligenciado, que sofre com uma grave falta de infraestrutura de saúde, falta de testes e vacinas contra Covid, os casos entre não vacinados aumentam. No interior do Amazonas, que já viu o surgimento da variante gama ou P.1, a maioria dos municípios ainda não vacinou metade da população. Roraima mal passou de 30% da população imunizada. E onde uma variante circula, alfa, beta, gama, delta, ômicron ou qualquer outra letra grega que a evolução do vírus gerar também circulam.

Profissional da saúde prepara vacina contra a Covid em cidade próxima a Bangui, capital da República Centro-Africana - Barbara Debout - 15.nov.2021/AFP

É tentador acompanhar o medo dos países do Hemisfério Norte e se preocupar com a variante que ocupa os noticiários. Ainda mais quando isso se mistura com outros medos (e preconceitos) que levam muitos a fecharem as fronteiras para países africanos, tentando se proteger de um vírus que foi detectado em muito mais países europeus –onde já deve estar circulando dentro dos narizes de muitos. Os próprios europeus já estão até o pescoço com a variante delta infectando principalmente não vacinados, ao ponto que alguns países voltaram a fechar e a Áustria precisou tornar a vacinação obrigatória. Uma medida que já era esperada por quem lê esta coluna.

Com ou sem ômicron, enquanto não tivermos a maioria dos brasileiros vacinados, o que inclui as crianças de 5 a 11 anos, o coronavírus pode e vai circular. O caminho que qualquer variante trilha é o mesmo: vulneráveis desprotegidos. Uma variante que escape mais da imunidade tem acesso a mais vulneráveis, como curados ou vacinados que já estão produzindo menos anticorpos. Mas se estiverem usando máscaras adequadas, não tem coronavírus que passe. E se tomarem suas doses de vacina, de preferência a dose de reforço também, melhor ainda.

No começo de 2020, ainda se tinha alguma dúvida sobre a efetividade de medidas de proteção como as máscaras, que agora se mostram a medida mais protetora. Mas algo já era muito claro e continua se reafirmando: com o novo coronavírus estabelecido na população, continuaremos lutando contra ele por anos. De lá para cá, a ciência nos surpreendeu com o desenvolvimento ágil de vacinas. E a evolução nos surpreendeu com a capacidade do vírus de aumentar sua transmissão gerando variante atrás de variante. E a luta continua. Por isso o preparo é tão importante. Porque continuará necessário.

Algumas épocas serão melhores, como nos últimos meses no Brasil. Outras serão piores, como nos últimos meses na Europa. Mas certamente continuaremos enfrentando ondas do coronavírus contra as quais precisaremos de todas as armas. Principalmente vacinas e máscaras, se não quisermos pagar com o lockdown, como os alemães. Por isso, precisamos garantir a infraestrutura para vacinar todos os brasileiros. Nas grandes cidades ou no interior do Amapá. Com a primeira e a segunda dose hoje. Com a dose de reforço em seis meses. E com novas doses de reforço ou novas vacinas de acordo com o que o vírus aprontar. A pandemia é uma corrida longa com vários obstáculos que ainda não antevemos. Não podemos nos atrasar com aqueles que já são conhecidos.

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