Descrição de chapéu Coronavírus

Ômicron foi detectada na Holanda dias antes de voos vindos da África do Sul

Duas amostras da nova cepa foram confirmadas no país nos dias 19 e 23, antes de passageiros desembarcarem na sexta (26)

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Amsterdã | Reuters

A ômicron, nova variante do coronavírus, foi detectada na Holanda antes de dois voos chegarem da África do Sul na última sexta-feira (26) com passageiros que posteriormente receberam o diagnóstico de infecção por meio da cepa, informou o Instituto Nacional de Saúde Pública nesta terça (30).

Até então, acreditava-se que a variante havia chegado a Amsterdã com viajantes que partiram do país africano, onde a ômicron foi sequenciada pela primeira vez. As novas informações, porém, mostram que a cepa já estava presente em duas amostras de testes coletadas na Holanda nos dias 19 e 23 de novembro —portanto, antes do desembarque desses passageiros.

Passageiros no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã - Kenzo Tribouillard - 29.nov.21/AFP

Ainda segundo as autoridades locais, pelo menos 14 pessoas que desembarcaram na sexta em voos de Joanesburgo e da Cidade do Cabo e receberam diagnóstico de Covid portavam a nova cepa, potencialmente mais transmissível. Todos estão em quarentena.

A Holanda também tenta testar mais de 5.000 passageiros que viajaram recentemente da África austral, como África do Sul, Botsuana, Moçambique, Namíbia e Zimbábue. O país europeu adotou, no domingo (28), medidas mais rígidas para tentar frear a pandemia, após novos casos diários baterem recorde de 20 mil.

Ao longo da última semana, a Holanda, que assiste aos números da doença crescerem desde setembro, registrou cerca de 886 novos casos por 100 mil habitantes, um aumento de 3% em relação à semana anterior. Mais de 21 mil casos foram contabilizados na segunda (29).

Os dois novos contágios pela ômicron agora conhecidos se deram também antes de a África do Sul informar à OMS (Organização Mundial da Saúde) o sequenciamento da nova variante, o que foi feito na quarta-feira (24) —o país africano foi elogiado pela celeridade em tornar a informação pública. A cepa é considerada de risco elevado, e ainda não houve registros de mortes associadas a ela.

O instituto de saúde holandês disse que não é possível descartar a possibilidade de a ômicron ter surgido no sul do continente africano e que investiga com quais pessoas os dois cidadãos inicialmente identificados com a cepa tiveram contato.

Os testes dos laboratórios locais mostraram ainda mutações diferentes nas amostras coletadas da variante, o que sugere que as pessoas infectadas por ela o foram de forma independente, de diferentes fontes e em diferentes locais, esclareceu o órgão.

A identificação da ômicron acendeu o alerta ao redor do globo. Estados Unidos, toda a União Europeia e vários outros países, como o Japão, fecharam suas fronteiras para voos partindo de países do sul da África, por tempo indeterminado. O Brasil adotou medida semelhante.

A Austrália, que se preparava para reabrir as fronteiras, fechadas desde maio de 2020, teve de atrasar o processo em duas semanas devido à ômicron. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Scott Morrison depois que os primeiros casos da nova cepa foram identificados no país. O Chile também adiou a reabertura de fronteiras terrestres, além de barrar viajantes de sete países africanos.

O fechamento de fronteiras, no entanto, é criticado pela OMS. No domingo, a entidade divulgou comunicado no qual argumenta que as restrições podem desempenhar um papel na contenção dos contágios, mas "representam um grande fardo para vidas e meios de subsistência".

"A OMS está ao lado dos países africanos que tiveram a coragem de compartilhar corajosamente informações de saúde pública que salvam vidas, ajudando a proteger o mundo contra a disseminação da Covid-19", disse a sul-africana Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS, exortando os países a implementarem ações de saúde pública com base científica.

Além de restringirem a entrada, países europeus planejam também medidas como multas para quem não usar máscaras ou não se vacinar. A Inglaterra, por exemplo, tornou obrigatório o uso de máscaras no transporte público e em locais fechados —como lojas, bancos, correios, shoppings centers, cabeleireiros, farmácias e consultórios— e prevê multa por desrespeito à regra que começa em 200 libras (R$ 1.500) e pode chegar a 6.400 libras (R$ 47,8 mil).

Na Áustria, que pretende tomar a vacinação obrigatória a partir de fevereiro, a multa para quem não tomar o imunizante pode chegar a 7.200 euros (R$ 46 mil). O país tem tido dificuldades para ampliar a porcentagem de residentes vacinados, estacionada em cerca de 65%, considerada insuficiente para barrar a transmissão do patógeno.

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