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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Sem interditar ataques a militares, Bolsonaro coroa o olavismo

Auxiliar diz que presidente sempre escolherá o lado dos filhos contra generais

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Jair Bolsonaro escolheu seu uniforme na guerra travada entre militares e o núcleo ideológico do governo. Embora tenha declarado que o conflito era uma “página virada”, o presidente deixou o caminho aberto para as pirraças e ofensas disparadas pelo escritor Olavo de Carvalho contra seus próprios auxiliares.

“O Olavo é dono do seu nariz”, disse Bolsonaro nesta terça (7), depois de ter elogiado o ideólogo num longo tuíte pela manhã. “Eu recebo críticas muito graves todo dia e não reclamo. Eu engulo sapo pela fosseta lacrimal e estou quieto aqui, ok?”

Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, durante cerimônia de assinatura de decreto relacionado ao transporte de armas - Adriano Machado/Reuters

O presidente não move um dedo para defender o ministro que foi chamado de “bosta engomada”, o vice que foi qualificado como “cara idiota” e o ex-comandante do Exército a quem o ex-astrólogo se referiu como “um doente preso a uma cadeira de rodas”. Em vez disso, Bolsonaro sugere que todos eles fiquem quietos.

Os últimos comentários do presidente consagram de vez o olavismo como doutrina principal do governo. Bolsonaro parece interessado em fermentar a plataforma radical e populista que rendeu uma onda de votos na campanha, enquanto relega a moderação e os projetos dos generais ao status de linha auxiliar.

Um assessor do presidente diz que, nessa batalha, quem colocar suas fichas nos militares vai perder a aposta. Embora eles continuem com espaço no governo, Bolsonaro sempre escolherá, no fim das contas, o lado em que estiverem seus filhos —chefes do fã-clube de Olavo.

Tratada como adversária, a tentativa dos generais de tutelar o governo cede cada vez mais espaço para sandices como a decisão oficial de bloquear verba de universidades consideradas hostis ao governo, como fez o ministro da Educação, ou o discurso de que o controle de armas nos transformaria na Venezuela, como fez o chefe da Casa Civil.

Não existe cessar-fogo se apenas um lado para de atirar. Os militares decidirão se reagem aos disparos, se recuam e cedem terreno ou se abandonam o front. Caso permaneçam imóveis, a guerra parece perdida.

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