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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Bolsonaro provou ser o governante errado tanto na calmaria como na crise

Políticos e eleitores têm que decidir quem estará no poder na próxima emergência

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No fim do primeiro ano de governo, Jair Bolsonaro fez um desabafo. Durante um evento no TCU, ele disse que tinha "dificuldades seriíssimas em muitas áreas" e que era "praticamente impossível" tomar pé de tudo o que acontece no governo. A pandemia ainda nem tinha começado, mas o presidente já mostrava que não tinha condições de estar ali.

Em pouco tempo, Bolsonaro provou ser o governante errado tanto em tempos de calmaria como em momentos de crise. Quando o coronavírus chegou, o presidente manipulou o significado de uma decisão do STF para fugir do combate à Covid-19. Quando descobriu que as finanças do país estavam no vermelho, disse que o Brasil estava quebrado e que não conseguia "fazer nada".

A criação de um comitê para dar rumo ao país na fase aguda da pandemia é o atestado definitivo da incompetência bolsonarista na hora da emergência. Foi preciso chamar parlamentares e governadores para tomar decisões importantes e conter os delírios do presidente da República, esvaziando seus poderes.

Na prática, o Congresso e outros governantes decidiram que Bolsonaro não tem capacidade de comandar o país na crise. O próprio presidente admitiu isso, de forma indireta, ao abrir o Palácio da Alvorada para um grupo que terá que fazer o trabalho que ele recusou –por incompetência ou por falta de vontade.

A certidão de desconfiança foi emitida por empresários, que passaram a fazer pressão para que Bolsonaro abandonasse o programa de sabotagem aos esforços de contenção do vírus, e pela população, que deu ao presidente uma reprovação recorde de 54% na gestão da pandemia.

Apesar de ter amplificado a tragédia, o presidente acredita que conseguirá preservar apoio no Congresso, animar investidores e recuperar popularidade a tempo de concorrer à reeleição em 2022. Bolsonaro pode até enganar alguém se a pandemia arrefecer e a economia se recuperar. Políticos, empresários e eleitores terão que decidir se querem que ele esteja no Planalto na próxima crise.

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