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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Os fatos estão contra Bolsonaro no caso das joias sauditas

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A expectativa de impunidade costuma alimentar a arrogância e o descuido dos infratores. Jair Bolsonaro achou que poderia ficar despreocupado nas semanas que o levaram à sede da Polícia Federal para dar explicações sobre as joias milionárias que queria levar para casa.

O ex-presidente pareceu acostumado com a blindagem de que desfrutara nas últimas décadas. Ele até tentou desconversar quando surgiram as primeiras notícias sobre o colar de diamantes apreendido no aeroporto de Guarulhos ("não pedi, nem recebi"). Depois, no entanto, ofereceu aos investigadores uma espécie de confissão completa.

Nas últimas semanas, Bolsonaro admitiu que havia recebido duas caixas de joias oferecidas pelos sauditas. Também confirmou o que estava registrado em documentos e vídeos: que a equipe do governo agiu para liberar o que ele chamou de "conjunto da Michelle" —um kit de diamantes no valor de R$ 16,5 milhões.

O ex-presidente Jair Bolsonaro deixa a sede da Polícia Federal em Brasília após prestar depoimento no caso das joias da Arábia Saudita - Sergio Lima/AFP

Nesse tempo, os bolsonaristas nem tentaram esconder que o plano era mesmo ficar com as joias. Um advogado da família disse que o material era um presente "personalíssimo" e que, portanto, pertencia ao ex-presidente. Ao fim do governo, os itens valiosos foram guardados em segredo no sítio do aliado Nelson Piquet.

Os fatos estão contra Bolsonaro nessa história. No depoimento à PF, não restou alternativa a não ser confirmá-los, sob uma roupagem favorável. O ex-presidente disse que as joias foram registradas de maneira regular em seu acervo e, numa desculpa esfarrapada, afirmou que o governo só tentou recuperar as joias apreendidas para evitar uma desfeita diplomática com a Arábia Saudita.

Sem ter como negar a tentativa de ficar com os diamantes, Bolsonaro aposta num caminho curioso: admitir tudo, mas alegar que não houve crime. A ideia é usar brechas na lei para dizer que não há problema em levar para casa um presente milionário. A manobra não deveria colar. O crime de peculato se aplica ao funcionário público que se apropria de qualquer bem "em razão do cargo".

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